quinta-feira

O aniversário do quarentão e o funeral do pato

O aniversário é sempre um momento prazenteiro a meio caminho do familiar e do amigo, um amigo mais secular ou feito com base em solidariedades emergentes, quiça blogosféricas que rápidamente se convertem em familiares. Vaí daí que o aniversário é genuinamente um momento familiar.
Mas para garantir esse ambiente há que arranjar um respasto para congregar os comensais e uma das opções foi matar não um mas dois patos. Matar o pato é, já de si, uma ideia animalesca, sangrenta, vil e canalha. Porque conseguimos imaginar na perfeição o pato a dizer não querer morrer com muito quá-quá-quá-quá-quá à mistura...
Mas lá teve de ser: matámos os patos, esfolámos os patos, cozinhámos os patos e depois comemos os patos, com arroz. Deu arroz de pato.
No final, um deles olhou para o autor da festa e disse-lhe:
- És mesmo um assassino..., a tua felicidade corresponde à minha morte.
- Confesso que até nos vieram as lágrimas aos olhos, a pensar na fatalidade do pato.
Da lição ficou um ensinamento: nunca mais matamos patos. Mas se não fosse o pato era um porco, uma vaca, uma cabra, um cabrito, um javali, um burro (salvo seja), wherever... O melhor mesmo
é dizer aos amigos que vão ao repasto que comam erva, ou a tragam de casa, mas nesse caso nada nos garante que continuem nossos amigos...
A alternativa é mesmo canalha: aniversaria-se para isto!!! Para voltar a matar patos.