quarta-feira

Passagens bíblicas: todos estamos à mercê..

TEORIA SOCIO-POLiTOLÓGICA DA BÍBLIA (Eclesiastes)
Volta e meia percebemos que já percorremos mais de metade deste nosso caminho em vida, tal qual a conhecemos. Com alegrias e limitações, comendo, bebendo, pensando, enfim, vivendo. Percebendo isso recorremos ao Biblo - mais importante do mundo jamais feito: a Bíblia. E também o mais vendido, seguido do Das Kapital e do Principezinho... Duvido.. Mas adiante!!
  • Reconhendo isso admitimos também que vivemos num conjuntura incerta, contigente, turbulenta: o capital, as empresas e toda a massa econónima, social e tecnológica desloca-se a grande velocidade de uma nação para outra. Hoje já não se morre onde se nasceu, nem trabalha. Hoje tudo é planetário, até os casamentos, as amizades e os ratos e ratas que temos sob os dedos. Ou acima deles. Tudo, quase tudo, é global.
  • Tal significa que a descompartimentação e a desregulação dos mercados financeiros abriram novos espaços libertando imensas necessidades por satisfazer. Mas a finalidade suprema da vida humana não é o desenvolvimento. Aristóteles explicou que essa finalidade é a felicidade: é o fim para que toda a acção tende - (in Ética a Nicómaco, I, VII; e Tratado da Política, pp. 43 e ss.). Assim, o desenvolvimento que hoje tanto nos preocupa não passa de um instrumento para algo diferente, superior. De novo o exemplo vem de cima e diz:
  • (…) Vi que, debaixo do sol, a corrida não é para os ágeis, nem a batalha para os bravos, nem o pão para os prudentes, nem a riqueza para os inteligentes, nem o favor para os sábios: Todos estão à mercê das circunstâncias e da sorte. O homem não conhece a sua própria hora: Semelhante aos peixes apanhados na rede fatal, aos passarinhos que caem no laço, assim os homens são surpreendidos na hora da adversidade, quando ela cair sobre eles de improviso. (in Bíblia Sagrada, Eclesisites). Comentário: · Apesar de a Bíblia não referir o termo globalização nem lhe dedicar algum dos seus capítulos, reflexões ou parábolas, esta é, talvez, uma das expressões bíblicas mais eficientes que denunciam o esprit du temps de globalização competitiva contemporânea. Na medida em que vem dizer à Humanidade que, no fundo, a superioridade do destino (a tal racionalidade contingente que falava Max Weber – que cresce segundo uma lógica de desenvolvimento fragmentado, não linear) depende (mais) do acaso e da oportunidade e não tanto da lógica da certeza e da previsibilidade dos ponteiros do mostrador do universo, segundo as leis de Newton. É, com efeito, nesta cadeia de acontecimentos dependentes uns dos outros, que estão presos os fios das nossas vidas. É essa prudência que leva o homem a querer conhecer a ocorrência de uma acção, e então pensa em alguma acção semelhante no passado, e os acontecimentos dela, uns após outros, supondo que acontecimentos semelhantes se devem seguir assim no futuro. Andamos todos iludidos com o tempo de que já não dispomos.
  • Post dedicado aos nossos mortos, vivos...