sexta-feira

Carlos Santana - que pedra))))

Há quem diga que a música é o ruído organizado. Tal não obsta a que muitos intelectuais passem horas a dissertar sobre o valor do silêncio. Mas neste caso, o caso Carlos Santana, é tudo excepcional: as letras, a música, a melodia, a sua atitude, a vox. Aquilo é uma bateria de talentos em movimento. Nasceu pobre e fez-se homem. E quando há uns anitos foi receber mais um prémio virou-se para a multidão que o aplaudia e disse: "eu sou um de Vós, vim das favelas, mas consegui dar a volta por cima". E depois dedicou o "troféu" aos fãs. Foi bonito, como bonita e intemporal são os seus sons. Carlos Santana significa para mim tanta coisa que nem tenho palavras para me situar nele. É apenas um herói, alguém que a qualquer momento pode ser ferido com alguma garrafa bem esgalhada da assistência, mas em vez de sangrar o Homem desata a cantar ainda melhor. E agora entrei ali no cão com pulgas - perdeu algumas na Fnac do Chiado do outro dia, e ouço este Príncipe da música contemporânea mas que já é transtemporal. Transtemporal e translumbrante... Este é que é o verdadeiro Santana e anda por aí. De facto, uma pérola viva olhando o horizonte e redesenhando o zénite, sempre esperando por ser cantado, reconstruindo novas melodias, novos arranjos. E quando ele morrer até o céu e as nuvens se contorcem só para o imitar.