quinta-feira

Notícias de Marvão por quem cá não está...

“Olá Marvão, terra de tempos passados, Pendurada no cimo do cabeço e rodeada de muralhas, Deixa-me espreitar pelos espaços das tuas ameias e observar o voo das aves, Recuar nos séculos e imaginar o inimigo espraiando-se pela planície. Que cobiçarão eles, as paisagens ou as donzelas, Talvez o pão que armazenámos, Talvez os caminhos que cá de cima damos fé, Talvez a inveja por não possuírem local tão belo. As moças são nossas e não querem nada com estrangeiros E o pão custou-nos muito a trazê-lo ladeira acima Só repartiremos a beleza da paisagem se vierem como amigos.” Gosto de pensar que estás em Marvão, assim já pertences um bocadinho a esse lugar fora do tempo e eu posso imaginar-te em um qualquer momento da história deste país e até me dá vontade de te pedir notícias sobre as obras da Albergaria que D. Manuel, nosso muito amado Rei, aí está a construir. Pertencer a Marvão é pertencer a Portugal, é carregar a história todos os dias desde que nos levantamos da cama, é viver dentro da nossa própria identidade, é partilhar diariamente presente e passado, é sentirmo-nos anciãos e jovens, é saltar para dentro de um livro de histórias aos quadradinhos e esperar encontrar ao virar da muralha os nossos heróis do Cavaleiro Andante. Visitar Marvão é uma coisa, fazer parte de Marvão é outra. Se para mim foi tão fácil ficar “agarrado” a uma aldeia tão simples e despretensiosa como a Concavada o que seria se tivesse passado infância e juventude brincando pelas ruas e entre as muralhas de Marvão!. É pena a distância, é pena a merda do pitrólio que não para de subir, é pena não sermos donos da nossa própria vida como os ricos que se instalam onde querem e mandam lá os outros a despacho e é pena o sinal da rede ser quase espanhol mas não me telefones que eu próprio quando tiver notícias te ligo OK?. Entretanto desfruta Marvão, espraia a vista, enche os pulmões e descontrai o espírito. Li o Macroscópio e fui ao Jumento e é como tu dizes, aquilo não pode ser obra de um homem só, parece uma enciclopédia…é obra!
  • PS: Agradeço a Joaquim Paula de Matos, autor do Memórias Futuras - que por acaso é meu tio - este belo texto que sequestro aqui para a minha modesta "casa da cultura".