quarta-feira

Entrevista-síntese - por - José Adelino Maltez

  • Atente-se em passagens breves desta pequena grande entrevista do conhecido académico ao semanário O Diabo que o mesmo reproduziu no seu blog Sobre o tempo que passa. É interessante e vale bem a pena ser lida e relida e depois recomendada, e não só à estação de Carnaxide, mas também às outras, a todas!!!
- Tanto não considero o audiovisual como uma espécie de D. Sebastião tecno-social como não temo que ele seja o diabo do Big Brother , capaz de corrigir, ou agravar, os antiquísismos e futuros vícios deste péssimo regime político chamado democracia que, apesar de tudo, constitui o menos péssimo de todos os regimes que temos experimentado"
(...)
- A televisão, ao dar voz aos medos e preconceitos do povo, pode transformar-se naquilo que já era denunciado por Platão, naquele animal que chama boa às coisas que lhe agradam e más às coisas que ele detesta.
Pode transformar-se naquilo que Bertrand de Jouvenel qualificava como a arte de conduzir habilmente as pessoas ao objectivo desejado, utilizando os seus conceitos de bem, mesmo quando lhe são contrários. E tal como Lincoln, assinalarei é sempre possível enganar uma pessoa, tal como é também possível enganar todos, uma vez; mas é impossível enganar sempre todos.
(...)
- Os que também afectam o poder político: de um lado, o elitismo, o burocratismo e a corrupção, do outro o indiferentismo e a apatia das massas. O que leva à crescente negação da cidadania, à opressão da autonomia da pessoa, que tende a deixar de ser “autor” e a passar a mero “auditor”, face aos “actores” e fantoches que os manipuladores do Estado-Espectáculo promovem. (...) - Que diferenças aponta aos espaços informativos dos cinco canais nacionais (RTP1, RTP2, SIC, TVI e SIC-NOTÍCIAS ). E qual deles consegue cumprir mais rigorosamente com as regras do jornalismo? - Grande parte da informação não passa de tradução em calão das grandes agências internacionais e, no plano doméstico, de uma espécie de transacção entre as agências de comunicação que fazem a imagem dos donos do poder… Apesar de tudo, vivo entre os telejornais da RTP1 e os espaços de hora a hora e de debate da SIC-Notícias e da RTPN.
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  • Comentário:
- De facto, esta entrevista quer se goste do autor ou não, quer se goste do suporte físico onde foi publicada ou não vale por si (e graças a Deus que hoje existem blogs, Deus também deve ter um...). Ela comporta um corpo ideias e de conexões que nos ajudam a perceber os ricardos, os rangéis, os bolsas-na-mão, os pachecos, as titas, as kikas, as madalenas, as mercedes, as té-tés, as claúdias, as borges, os costas, as ba-bás, as bárbaras, as barbaridades, as pitás, as lilis, a casa do castelo, o Algarve onde toda essa gente faz as pazes nas capas da Caras, janta as feijoadas feitas pelo empregado do Figo - o sr. paulo China - e demais elos duma extensa cadeia de nervos e de entrecosto, de amizades, de casamentos, de porcaria, de autêntica materialização de relações humanas como se de mercadorias se tratasse. Foi, aliás, essa a principal contribuição do sr. ricardo costa que, se trabalhasse numa estação de tv dum país civilizado, já estaria no olho da rua há 24 horas. Além desse seu lamentável contributo deu outro que compete agora à Pt explicitar relativamente aos ex-jornalistas alegadamente avençados do dn que hoje estão sentadaos à manjedoura da administração da pt ganhando milhares de contos mês. Enfim, uma outra barbaridade.

- Esta entrevista tem o mérito de sistematizar naqueles cinco pontos este materialismo humano decadente, este elitismo improdutivo e a forma arrogante e sabi(chona) como o ainda director da estação da sic fala é apenas um espelho rachado dessa realidade da sociedade de jet-lag lisboeta, que muito provavelmente ainda frequenta o Kiss do sr. Liberto Mealha em Albufeira, Oura e arredores. E só já não vai ao Summer Time de Montechoro porque já encerrou há décadas.

- Este mundo encontra nos bastidores da sic uma certa replicação, um certo "mundos", uma certa paisagem e fauna humana. Talvez por isso tenha levado um conhecido blog da nossa praça, talvez o melhor blog nacional, numa atitude de espanto que conduz à filosofia a interrogar-se: confesso que ainda hoje não percebi em que posição lá estava o JPP, se como vítima de Carrilho, como defensor oficioso de Ricardo Costa ou como empregado de Balsemão. (in Jumento).É caso para se dizer, com ou sem anexo reservado nos aposentos do Jericó, que um burro está olhando para um palácio... Mas neste caso é um palácio que não passa dum castelo de cartas.

- E querem saber como falo verdade??? Vamos a um exercício simples e rápido: imaginem que José Pacheco Pereira, ecce homo, essa criatura omnipresente na sic a quem ontem foi prestar vassalagem como que pagando os favores de notoriedade que lhe deve há anos, que não costuma dar entrevistas assim tão suculentas nem tão eficientemente sistematizadas, era o autor da mesma. O que aconteceria em termos editoriais? Simples: amanhã, logo pela manhã, a srª dona sic notícias reproduzia fragmentos da mesma de hora a hora; a TSF fazia o mesmo de duas em duas horas, o dn fazia uma manchete, e o Público escrevia 4 páginas mais não sei quantas glosas, glosinhas e comentários à mesma de entopir as tipografias dos arredores da Kapital. Nada disto é contra Pacheco Pereira que, coitado, fez ontem o seu maior papel de "urso" da política lusa post-25 de Abril de que hà memória. Bastaria olhar para a sua face para se perceber o seu ar de desconforto, de ambiguidade, de dualidade que, esperemos, o prof. Marcelo no próximo domingo não branqueie, como é seu apanágio fazer em inúmeras situações que ele cirúrgicamente escolhe no seu tempo de antena.

- Isto releva apenas para acompreensão desta "tourada", de alguma casamento perigoso de interesses cujos efeitos balsemão e outros - introduziram na forma de produzir e reproduzir aquilo a que chamam informação em Portugal. Ora é isto que é profundamente lamentável, dilacerante. Acho que os portuguses, já tão sobrecarregados pelos impostos, não mereciam depois que uma espécie de 2º governo de mediacracia nos acorrentasse ainda mais a estes mecanismos pouco saudáveis na liberdade de expressão em Portgal.

- Via ontem os srs. costa, Carrilho, rangel, Pacheco e só me lembrava duma catadupa de tretas que me ocorriam naquele momento vociferar: dizem que a tv mata o cinema e a liberdade de expressão, pois em compensação, a televisão também mata a televisão.

- Ouvir o sr. ricardo costa - naquele jeito intimista - provocando rangel com números de registo de telemóveis foi o piorio que a tv já passou em Portugal. Nem no Herman José o deboche bateu tão alto ou tão baixo, depende do standard. R. costa pensou que assim jogaria ao ataque, mas vê-lo em directo armado em político - só me lembrava de Decartes que aprendi no liceu: vê-lo em tv é um convite à venda do televisor, sendo que o corolário era:não vendo tv existiríamos.

- Por outro lado, quando via algumas das caretas do sr. director da sic em regime de contenção da diarreia verbal que iria debitar de seguida, também me ocorria pensar que quando os locutores de tv fazem caretas e mostram um ar enjoadinho, o defeito não é do aparelho, mas sim da qualidade das notícias que estão a dar.

- Com este tipo de programas, com estes jornalistas, com esta maneira de fazer informação em Portugal - agora em sentido amplo - nem se percebe o porquê de aparelhos de televisão de alta definição. Até porque os programas de tv que sejam inteligentes não têm qualidade/audiência. Por isso é que só há um neste momento a passar em Portugal, às 5ªf. à noite (em meu enteder, claro está!!). O mesmo se diga dos bloges, das revistas, dos livros... os que têm mais qualidade e espessura intelectual são os que têm menos procura. Isto decorre da falta de treino intelectual das pessoas e da sua extrema propensão para a burrice.

- E a mim me crítico na medida em que ontem estive quase 150 minutos a olhar para uma caixa negra onde apareciam todos aqueles garbosos senhores. Será caso para dizer que a melhor forma de ver o que passou ontem no Prós & Contras seria com o apelho apagado. Mas se assim fosse também não veríamos o rasgado e mui promissor decote de dona Fátima campos Ferreira que, apesar da idade, está cada vez mais bonita. Parabéns!!! O preto sempre fez milagres... Não é fácil com uns candidatos daqueles, salvo Carrilho, naturalmente, que agora vai desfilar roupa Dolce & Barba-gana-tana alí na Av. dos EUA com o cruzamento da av. do aeoporto.

- Ironias à parte, esta frutuosa entrevista do politólogo José Adelino Maltez assinala bem o caminho que devemos liminarmente rejeitar, e aqueloutro que devemos rasgar. Doutro modo, sem esta coragem estamos condenados a continuar a ver os mesmos filmes de guerra, sendo que para isso dispomos da antena parabélica; condenados a ver o enjoo dos programas desportivos dispomos da antena parabolítica; para ver os filmes religiosos dispomos da antena parabíblica; para ver todos os demais programas para os quais não temos vontade, dispomos da antena parabúlica; e, por fim, para ver em cena do sr. r. costa e uma certa informação parcial e pouco séria que graça em Portugal que nos dão imensas dores de barriga temos de recorrer a antenas paracólicas.

- Isto parece que dá para a risada, mas não é esse o sentido que se pretende aqui explicitar. E o que se pretende aqui ressaltar é que muita da tv, dos jornais e conexos que hojem influenciam boa parte da opinião pública nacional só geram um sentimento entre os portugueses: incomunicação.

- Desconhecemos se o sr. ricardo costa e muitos outros amadores e profissionais da informação & comunicação & associados em Portugal, já se deram bem conta deste problema e desafio. Um dos dos grandes problemas da sic é que o tempo engole a glória, tritura a sua história e memória. Mas nem tudo é mau. Procurei essa fatia remanescente da mensagem daqueles senhores ontem na rtp e, por enquanto, ainda não encontrei nada... Muito provavelmente, serei eu que estou cego!!!

Nota: eis o que nos sucede quando supomos estar a consumir os meios de informação correctos e adequados às nossas necessidades. Partimos para a aventura da comunicação em busca da verdade e acabamos por ser esventrados por expedientes e dispositivos que escapam ao escrutínio da sociedade democrática. É como se a nossa mulher, com quem habitualmente dormimos, de súbito se transformasse numa espécie de Ferreira Leite dos impostos que nos arrancaria a felicidade das víceras. E tudo isto é tanto mais grave porque incialmente pensámos gozar uns momentos de puro prazer e de descanso. Vai-se a ver e...