sábado

A minha OPA

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  • Há dias terríveis, tardiamos a pensar que também podemos "opar". Como num espaço duma semana já ouvi o termo OPA "n" vezes, atrevo-me aqui a glosá-lo. Mas receio bem que no final termine a récita a classificar o processo com outro nome. We shall see...
  • Muita gente boa só agora, pela força, engenho, impetuosidade e prestígio do engº Belmiro, percebeu o que pode significa uma OPA. Muitos dirão que o tubarão come sempre a boga, embora neste caso, e aqui reside a audácia e peculiaridade de Belmiro, é que a boga pretende comer o tubarão. Há aqui um nítido desafio da lei da gravidade, ou seja, Belmiro, a partir do Norte, que rever o legado de Einstein e pôr os corpos a cair de baixo para cima, já que o património do comprador é várias vezes inferior ao objecto de compra: a garbosa PT que nos esmifrou durante anos com aquelas rendas dos telefones fixos e abusando ainda hoje da posição dominante nas redes emergentes. Veremos se irá conseguir, como tudo indica que sim, até porque o governo não é saloio e terá na Sonae depois um parceiro estratégico para gerar mais postos de trabalho e, assim, ajudar na retoma da economia nacional. E aqui o grupo Sonae pode mais do que qualquer outro grupo empresarial na multiplicação de emprego - tão vital para a retoma economica como para o próprio sucesso e sustentabilidade do governo.
  • Mas sempre nos podemos interpelar se o engº Belmiro está nas suas plenas faculdades mentais, já que o seu arcaboiço financeiro não basta para engolir aquele elefante que é a Pt. Isto não obstante o agreement do Sr. Emílio Botín que manda no Santander C. H. Mas adiante.
  • É, portanto, sempre legítimo colocar esta questão da sanidade mental, que teve, pelos vistos, reflexos imediatos na Madeira, embora ela devesse aplicar-se ao sr. Alberto e não à desgraçada oposição que vive há décadas ofendida e humilhada pelo esprit de um certo "goebels" local. Desta feita, a OPA coabita - dada a desproporção de forças, de capitais e de patrimónios em presença - com uma certa ezquizofrenia - que nos remete para um problema de escala, que pode ameaçar pulverizar-se no mercado de capitais e depois saltar para a economia real e contamiar o poder político, podendo até deixar-nos numa situação de pré-guerra civil financeira, bolsista e empresarial. Tudo isto era o que menos interessava neste momento difícil em que já vivemos.
  • Daí a magna quaestio: será que Belmiro é ezquizofrénico? E o seu filho Paulo, tão novo, será que ele também padece do mesmo problema? Será que ambos comungam desta forma de loucura definida pelos psiquiatras como uma desintegração de personalidade!? Tudo questões legítimas que o peso do dinheiro não apaga, antes agrava.
  • O problema aqui é que somos todos mais ou menos assim, ou seja, os psiquiatras não dão atenção a um facto que se oferece diáriamente à nossa observação, ié, que todos nós sãos de mente, somos ezquizofrénicos, mesmo sem o saber. Cada um dos nossos juízos, cada uma das nossas atitudes e acções são, por regra, uma espécie de binóculo que invertemos continuamente; manobrando num sentido, mostra-nos objectos ampliados (quando Belmiro olha para a sua fortuna e a vê multiplicada por algo mais que na realidde não tem, são os futuros de Nasdaques & Compª...); quando invertemos o dito binóculo, os objectos são-nos apresentados reduzidos e distantes. Ora isto não é só um problema de óptica ou de perspectiva.
  • No fundo, o que se procura transmitir é uma ideia tão simples e comezinha que até assusta: a maior parte dos nossos gestos é um desdobramento da nossa personalidade. Ao compor uma novela, o romancista tem que esquecer os milhões de livros que já leu e encerram argumentos análogos aos dele; o médico luta para salvar o doente; o Lobo Xavier exaspera-se para servir bem Belmiro no programa da Quadratura do Círculo - cujo moderador além de lé-lé da cuca é um tremendo chato, pois passa a vida a intervir, o que revela que nem para moderador serve - embora continue onde está, lamentavelmente; o advogado bate-se para decobrir o crime ou ocultar uma prova determinante, se essa servir a sua defesa; e Belmiro???
  • E você também desejaria fazer uma OPA? A quem? Julgo puder concluir que a OPA não é assunto de financeiros nem de economistas, mas tema de psicólogos e de cientistas sociais. E o exemplo mais espectacular que conheço não é, naturalmente, o do servil Xavier, que vende tédio e tem um inato mau gosto para relógios, mas o de Balzac cujo desdobramento nos oferece algum horizonte. Ou seja, que cisão de personalidade teve de operar Balzac - que escreveu durante 30 anos - para solver honradamente as suas dívidas, ao elaborar as teorias anti-sociais, os ensinamentos trapaceiros que pôs na boca de alguns dos seus personagens. E aqui já não estamos a referir-nos ao subserviente xavier.

  • Quem, afinal, não gostaria de puder fazer uma OPA? A pessoas singulares, a empresas, a instituições e muitas, muitas outras entidades??? Julgo que se todos o pudéssemos fazer todos os fariam, e, assim, de forma ainda mais selvática, todos aqueles personagens, operadores e actores desta mise em scéne que é o paco da vida - nos compraríamos uns aos outros em pequenas, médias e grandes operações e à velocidade da luz. Nuns casos em regimes de joint-venture, noutros em regime de Leverage buy-out (LBO - aquisição com endividamento em que cairá certamente o amigo Belmiro), noutros casos ainda em regime de Leveraged management buy-in - quando os quadros superiores ou um grupo de investidores externos adquirem uma empresa com intenção de a rentabilizar antes da capitalização.
  • Quem, se o pudesse fazer, não lançaria um OPA sobre o BE e o PCP? Quem não lançaria uma OPA sobre o actual Procurador-Geral da República devido ao "trabalho" que ele tem feito, o qual foi, mui estranhamente, elogiado por M. Mendes do PsD no âmbito da semana à justiça que ele lhe votou? Quem não lançaria uma OPA sobre o Pinto da Costa e ao sr. do apito dourado, o sr. loureiro valentim que parece que vendia batatas a preço inflacionado na tropa macaca? Quem não lançaria uma OPA à justiça que temos - cujos processos da casa Pia lavram mais desconfiança e confusão do que rigor, certeza e imputação de responsabilidades? Quem, quem, quem...
  • Julgo, portanto, que há aqui duas lições a tirar da filosofia da OPA latente nas nosas vidas, sendo que uma está atada à outra:
  • 1) Somos todos ezquizofrénicos, dado que todos nós temos esses desdobramentos de personalidade que nos permite sonhar, conjecturar, simular esses lances de bola parada de comprar A, B, C e D (até ao infinito se, porventura, os recursos não fossem limitados);
  • 2) Com uma únia diferença que nos separa do engº Belmiro: é que enquanto nós só sonhamos e conjecturamos ele faz. E mais, faz quando ninguém espera o que representa outra vantagem psicológica perante os seus adversários.
  • Imagino o que ele, lá do Norte deverá dizer algumas vezes aos seus rapazes nos conselhos de administração das suas empresas: o que eses pobres rapazes escreveram - leia-se administradores da PT - como Horta e Costa - já eu o repeti 100 vezes...

  • De tudo só espero que ganhe o mercado que somos todos nós, seja em eficiência, seja em eficácia. Se assim for, tal significa que os portugeses passarão a consumir os serviços transportados pelas redes com custos mais competitivos e com níveis de satisfação mais elevados. Só espero que este meu patriotismo não se traduza num sentimento acessível a qualquer imbecíl. Até porque sem este meu (nosso) desdobramento ezquizofrénico, se quisermos aceitar e gerir esta ezquizofrenia saudável - o artista também não seria artista. Só espero que o artista não se converta em otário, desejando que o otário não seja o mercado.
  • Amén

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