A paralisia do "juízo" da ave...
Com eleições à porta o fosso entre o anunciado e o concretizado aumenta. Em si mesmo, é um indicador de crise política. Nenhum político persiste nesse sistema de promessas fáceis que não consegue realizar. Quando esse fosso aumenta sobremaneira a desconfiança do eleitorado nos políticos agudiza-se, e gera-se uma crise de autoridade política revelada com atitudes individualistas e fragmentadores pelo eleitorado, próximas dos neocorporativismos defensivos. O problema não reside na promessas, mas no seu alargamento e no sistemática incumprimento deixando a política num desnorte. Acresce que a longevidade dos nossos políticos "amadores-profissionais" torna-os dependentes do seu próprio passado, impedindo-lhes uma avaliação objectiva da realidade social e económica do País. Quando se lhes pergunta algo nunca respondem com rigor, mas ocultam sistemáticamente a realidade por razões de manutenção do poder. Este tipo de relação (alienada) entre os dirigentes políticos nacionais e o eleitorado faz lembrar a ave fascinada pela serpente, que lhe evoca a forma arquetípica do verme, logo da sua presa. Sucede, porém, que o tamanho da serpente faz dela o predador, daí a paralisia do "juízo" da ave... Será que os políticos acham que os portugueses são como aquela ave (maria)?
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