Cambalhotas da história - vis-à-vis o caso angolano
Nota prévia: Inversão da História - alguns historiadores defendem que a dinâmica histórica e a vida dos povos obedece a ciclos de nascimento, desenvolvimento, maturidade e morte (de modo repetitivo e sem grandes inovações no transcorrer histórico). À formação do Euromundo, em que Portugal pontificou no concerto das nações, e teve um papel relevante no recorte das fronteiras africanas no séc. XIX, não obstante o Mapa Cor-de-Rosa e do ultimatum britânico, sucede, doravante, a decadência dessas velhas potência coloniais. A vingança das nações reside na capacidade desse turn-over por parte d´algumas dessas ex-colónias, ricas em matérias-primas estratégicas (como petróleo e diamantes), em capitais que já não sabem como reeinvestir internamente - e que vão encontrar - por ironia do destino - nas velhas potências coloniais - o pasto para exercer todo o poder do dinheiro, da gestão e do mando - agora através de participações de capitais em empresas portuguesas que começam a ser engolidas por aquela dinâmica da vingança das novas nações (africanas). Se assim for, tese que também encontra respaldo no caso global chinês (de grande sucesso), a história repete-se no concerto das nações. Contudo, há apenas uma grande diferença quando comparamos as situações da era colonial para a era pós-moderna em que vivemos: é que Portugal, além do mando, da força e da imposição das suas regras e leis, também levou a religião e a cultura, que serviu para construir boa parte de todo aquele património edificado - dando-lhe coerência através duma língua comum: o português. E também foi assim que construiu o Brasil, a maior de todas as colónias, evitando, desse modo, que o Brasil hoje se multiplicasse numa centena de países no cone sul-americano, porque foi unificado pela língua de Luís Vaz. A este respeito, veremos o que srª Isabel aporta à economia nacional, para além do dinheiro oriundo do petróleo, dos diamantes e dos negócios escuros do seu papá..., que nunca foi democrata - nem Angola assim se pode definir!!!
Isabel dos Santos, que o El Confidencial chama de "princesa", é a principal protagonista dos investimentos em Portugal.
TIAGO PETINGA/LUS
Embora a presença das ex-colónias em Portugal ainda seja baixa, estas já entraram em setores estratégicos. E a principal protagonista é mesmo “a princesa” Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos e a mulher mais rica de África, segundo a Forbes. Só em Portugal, a angolana detém participações na petrolífera Galp, no BPI e na NOS, além de estar presente no banco privado angolano (BIC), com sede em Lisboa. No mês passado, Isabel dos Santos lançou uma OPA de 1,2 mil milhões de euros à PT.
Mas não é só Isabel dos Santos que se destaca nos investimentos em Portugal. Continuando no círculo fechado do poder presidencial angolano, sobressaem o general Manuel Hélder Vieira Dias, chefe da Casa Militar, com investimento no setor imobiliário, e ainda o atual vice-presidente da República e ex-CEO de Sonangol, Manuel Vicente, a quem se atribui uma forte ligação a empresas energéticas portuguesas. Também o empresário António Mosquito marca presença na Controlinveste (DN, JN, Dinheiro Vivo, TSF, entre outros órgãos de comunicação).
Os grandes grupos empresariais portugueses estão agora compostos por uma “burguesia angolana” que cresceu graças aos lucros do petróleo, diz o mesmo jornal, referindo que “não é à toa que são os investidores estrangeiros que mais peso têm no PSI-20, com posições de cerca de 3.000 milhões de euros”.
E num Portugal a ressacar dos ajustes orçamentais impostos pela troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) o crescimento das antigas colónias é uma via de escape. Em 2011, o primeiro ano de ajuda externa, emigraram para estas ex-colónias entre 120 a 150 mil portugueses. Por outro lado, estes países são também uma fonte de receita. O jornal espanhol cita Celso Filipe, subdiretor do Jornal de Negócios, que situa o investimento angolano em Portugal entre os seis mil e os dez mil milhões de euros, “que podem ser mais, pois existem muitos investimentos de natureza pessoal, por exemplo no negócio imobiliário, impossíveis de quantificar”.
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Etiquetas: Cambalhotas da história, Investimentos angolanos, Neocolonização, Portugal, Vingança das nações
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