terça-feira

Putin domina a geopolítica global através da autocracia




As evidências demonstram que o mundo não está em condições para reingressar numa nova luta ideológica semelhante àquela que dominou várias década de Guerra Fria - eficientemente explicadas pelo cronista da conjuntura pós-II Guerra Mundial, Raymond Aron, especialmente no seu magistral Paz e Guerra entre as nações,  a "bíblia" das relações internacionais durante décadas. 

Assim sendo, o mundo não pode replicar o mesmo modelo ideológico belicoso que multiplicou guerras e conflitos regionais durante meio século. Mas a nova era, ao invés de ser um tempo de valores universais, como se supunha, está a ser um mundo pautado por tensões crescentes, ainda que pontuais mas graves, como evidenciam a violação da soberania da Ucrânia por uma Rússia que se socorre do terrorismo de Estado para dilatar as fronteiras do seu Império, que doravante quer fazer convergir com o conceito de Grande Rússia, que remonta ao tempo dos czares, de que o pequeno autocrata Putin seria uma pós-moderna reinvenção. 

O abate do avião comercial das linhas aéreas da Malásia representa um marco original no terrorismo de Estado patrocinado pela Rússia de Putin através dos seus homens de mão na Ucrânia. Os quais perpetuam um crime contra a Humanidade - ante a impotência da Comunidade internacional, em particular da ONU - ainda sequestrada institucionalmente pelo seu órgão maquiavélico, o Conselho de Segurança. 

A invasão da Crimeia, primeiro, de certo modo consentida pela Europa de Durão Barroso, que legitimou um governo ucraniano não sufragado em eleições, a penetração em partes importantes do território ucraniano depois, com ocupação de edifícios públicos sensíveis, revelam as intenções ocultas de Putin, que tem conduzido uma política externa agressiva geradora de confrontações entre as forças da democracia e as da autocracia - que ele representa. 

Putin, ainda que pareça isolado na arena internacional, parece estar a conseguir dividir a Europa e, ao mesmo tempo, a demonstrar a fraqueza e a vulnerabilidade estratégica da República Imperial (EUA) tibiamente conduzida por Obama, hoje a frustração da América e de milhões de norte-americanos.

Sucede que Putin não só está a dividir a Europa entre aqueles dois blocos de forças, perante uma União Europeia cobarde e desarticulada, que foi o legado duma década de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia, como está a revelar que o autocrata russo volta a dominar a geopolítica global no séc. XXI. 

E pelos piores motivos...

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