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PS abre porta a nova comissão de inquérito a Camarate na Assembleia da República

PS abre porta a nova comissão de inquérito a Camarate na Assembleia da República
Por Sofia Rodrigues, Nuno Simas, Público
Está aberto o caminho para uma nova comissão de inquérito a Camarate. PSD e CDS põem como condição o tom consensual da ideia para avançarem e o PS dá sinais de estar disposto a dar o seu consenso a uma proposta nesse sentido. Ontem, o dia em que se assinalaram os 30 anos da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa reavivou a memória da AD de 1979 e houve quem voltasse a defendê-la.(...)
Obs: Como insondáveis são os mistérios do Senhor e amanhã poderá cair um avião com altos dirigentes do PS lá dentro, o Largo do Rato anuiu nesta nova comissão de inquérito, assim todos ficam bem no fotomaton, ainda que nada de novo se venha a produzir sobre aquele estranho acidente.
Trinta anos sobre um acidente ou incidente, é tempo mais do que suficiente para que os seus autores morais, planeadores e executores - a crer na tese do atentado - tenham podido apagar quaisquer vestígios de provas ainda existentes.
O avião(zeco) que transportou o então PM e MDN, como se sabe, nem conseguia pegar por si, só a toque de gerador lá subiu aos ares para cair 4 minutos depois.
Fico com a sensação, e a 30 anos de distância desse estranho facto da história política contemporânea de Portugal - consolido ainda mais essa posição, que aquele avião tinha um motor de rega de pequeno minifúndio para regar batatas e tomates, e não um motor com turbinas à séria, e com a manutenção assegurada por técnicos competentes para cruzar os ares.
Mas não podemos esquecer-nos de que Portugal há 30 anos era uma imensa Albânia, ou seja, um mega-caminho de cabras com umas casas nas cidades e umas fábricas a deitar fumo pelas chaminés, o povo analfabeto e vivendo duma agricultura que, por ironia do destino, a UE acabou por exterminar anos depois. factos que nem Sá Carneiro nem Amaro da Costa puderam testemunhar
Com um país assim, não surpreende que os aviões também não tivessem adequada manutenção e fossem fiáveis. Se calhar, estamos todos a laborar num imenso equívoco. E isto sucede porque o presente é uma enorme mancha negra, daí a necessidade de referâncias que alguns de nós vão importar ao passado.
Isto porque o "aqui e agora" do nosso circunstancialismo colectivo, talvez ainda se afigure pior do que um imenso Camarate.

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