quarta-feira

A Net é a revolução dos tempos...

..mais até, porventura, do que significou a Revolução Indústrial nos sécs. XVII e XVIII em toda a Europa, já que nunca como hoje a transformação das regras de vida em sociedade, seja na relação entre as pessoas, as organizações e os Estados sofreu uma tão profunda e rápida mutação.
Um paralelo comezinho entre esse mundo antigo e o actual baliza essa distância.
Vejamos em que medida isso ocorreu no plano do marketing, que é o que salta à vista das organizações: dantes uma aposta em Pub. e numa marca quase antecipava o sucesso; dantes a Pub. seduzia naturalmente as massas, hoje há um fenómeno de rejeição a esse bombardeamento; dantes era legítimo interromper a atenção das pessoas para as direccionar para uma determinada mensagem, o que hoje é considerado falta de educação, senão mesmo manipulação; dantes, o efeito da Pub. tinha um caminho único em direcção ao consumidor, hoje há imensos atalhos até chegar a ele, quando chega.
Bem ou mal, há muitos políticos que já tiveram amargos de boca com demasiada exposição mediática a fim de seduzir as massas em vésperas de eleições. As organizações viradas para os negócios também encontram problemas similares.
Estes exemplos, que são de lana caprina, revelam-nos como as coisas mudaram, pois era até considerado mais importante que a agência de Pub. ganhasse prémios, em vez de satisfazer os segmentos de mercados que se propunham atingir em prol dos seus clientes. Pub., RP e marketing eram disciplinas separadas, e, de facto, são coisas distintas, embora complementares, mas dantes eram entendidas como compartimentos estanques que o advento da Net veio dissolver, transformando as regras do jogo e alterando a forma de pensar, de trabalhar e de organizar toda a produção de ideias, de mensagens e, por extensão, de produção de eventos que tecem o nosso quotidiano.
Vemos hoje que jornalistas e editores usam a Net e as redes sociais para mais facilmente se integrarem e gozarem das suas vantagens expositivas e mercadológicas e de notoriedade, naturalmente. Até porque actualmente a maior parte das organizações comunicam directamente com os seus públicos, com os seus consumidores, sem intermediários, o que é uma vantagem para ambos: produtores e consumidores, já que se eliminam custos associados a essas intermediações.
Hoje, ao invés do passado, qualquer um de nós pode obter espaço e voz na esfera pública virtual, embora se saiba que a grande maioria dos blogues existentes têm escasso interesse. As suas temáticas são pobres e muito subjectivadas, feitas em torno do umbigo do seu autor, mas já existem blogues com densidade social e política que tem grande expressão em Portugal, e esses têm até mais valia do que os jornais diários ou semanários. São free, de acesso rápido e, não raro, mais criativos e reflexivos.
Hoje somos todos mais ou menos o resultado do que publicamos. Temos diversos públicos, existe mais autenticidade, apesar das representações sociais da praxe e as ilusões do costume, a participação e a cidadania são maiores. Embora seja de lamentar que certos políticos se lembrem de utilizar as redes sociais em vésperas de eleições, como fizeram Passos Coelho e cavaco Silva, pelo menos de forma mui parasitária, não desculpando outros players de semelhante conduta, apenas com objectivos politico-partidários. Ou seja, não dão ponto-sem-nó!!!
Numa palavra, as empresas, as pessoas, as sociedades, os povos, os Estados, no topo da pirâmide de comando das sociedades, estão hoje menos dependentes dos velhos formalismos da comunicação tradicional, dado que a Net implodiu todas as velhas compartimentações. Mesmo sabendo que a interacção e a comunicação humanas (de forma pura) sejam uma realidade, se é que alguma vez isso será possível.
Mas isso é já uma questão metafísica.

PS: Não sou contra os milhões de euros que temos de investir em security, especialmente em contexto de globalização competitiva em que os riscos aumentam exponencialmente no interior das sociedades, cada vez mais assimétricas e multiculturais. Embora esta equação exiga um refinamento em períodos em que a economia esta quase em recessão. Assim sendo, pergunto-me porque razão cada país não organiza algumas destas conferências da NATO (e outras) - uma organização crucial que serviu para impedir o expansionismo soviético no pós II Guerra Mundial, em formato tecnológico - leia-se - por vídeo conferência - em que todos também poderia comunicar com todos ao mesmo tempo. Já sei que não é a mesma coisa, mas há "luxos" a que os Estados se devem poupar para não agravar mais os respectivos défices dos budgets, e este evento da NATO em Lisboa é um desses exemplos negativos cujo retorno é nulo. Ou seja, não é por que a conferência se realiza em Lisboa que Portugal vai passar a ter um PIB mais civilizado, ou uma segurança mais infalível, além de que a generalidade dos nossos indicadores - micro e macro-económicos - também não passarão a ser mais europeus. Em matéria de segurança, nada nos garante que não exista um ataque terrorista, apesar dessas redes organizadas terem uma tendência natural para investir mais na sua maldade organizada em países ricos, e não nesta Albânia da Europa em que há muitos nos tornámos. A grande vantagem desta cimeira, vista pelos lisboetas, é que muitos deles aproveitam mais uma ponte fora do que estava previsto.

Billy Idol - sweet 16

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