sexta-feira

O peso esmagador da relativa incerteza dos crimes de pedofilia

Considero que Portugal hoje é um país de luto: luto pela forma incompetente, lenta e injusta como funciona a justiça em geral, de luto pelo facto de Portugal albergar pedófilos, de luto porque muitos daqueles miúdos que se disseram abusados fingiram e ficcionaram relatos de factos que, na verdade, nunca ocorreram, de luto porque a generalidade dos nossos jornalistas e os media revelam uma baixa cultura crítica e uma incapacidade para ser imparcial na forma como veicula as notícias e forma a opinião. Enfim, hoje, dia 3 de Setembro de 2010, foi um dia negro para Portugal e para os portugueses, intra e extra-muros. Como mero cidadadão, não me senti esclarecido de que aqueles arguídos, com excepção do ex-embaixador Jorge Rito, um homosexual conhecido da Alemanha, da África do Sul e do Ministério dos Negócios Estrangeiros que, já do tempo de Salazar não se livra da fama de ter no seu seio uma cambada de gays que depois actua em alcateia, alguns certamente pedófilos, - no seu conjunto praticaram os crimes de que são acusados. Ouvindo a setença, depreende-se que a prova dos factos é frouxa e, a ser assim, nem quero pensar que vivemos mais um Processo à Franz Fafka, quando nos contou a história de que um dia alguém acorda, e, de súbito, e sem motivos, é preso e sujeito a um longo e incompreensível processo por um crime que, na verdade, não cometeu ou não foi revelado. Por vezes é isso que revejo nas exposições de Carlos Cruz, o mais exposto em todo este lamentável processo. Ora, com o caso Casa Pia, tenho para mim que a verdade nunca se chegará a apurar, os verdadeiros factos nunca serão conhecidos, ainda que possa supor que o melhor está para vir: que poderá representar-se na tela da 7 ª arte através dum realizador que um dia acorda neste Portugal mais ou menos pedófilo e conclui que pode fazer um filme à boleia de todo este processo. Carlos Cruz, que me parece estar a ser sobrecarregado com todo o peso da sua exposição mediática por ter sido no passado o "Sr. Televisão", poderá ser - ou representar - um desses personagens, pois mesmo que a representação não seja eficiente, sempre dará para fazer algum dinheiro e ajudar a pagar ao advogado o patrocínio da causa. Seja como for, pela minha parte fico cada vez mais céptico com toda esta xarada, mesmo que pense que não me importaria de ter um advogado como o Sá Fernandes a patrocinar uma causa à borla. Seria, mal comparado, como um dia supor ver José Miguel Júdice patrocinar um cliente que roubou um sabonete no Pingo Doce, e fazê-lo gratuitamente. Enfim, uma coisa do outro mundo.
Contudo, e regressando à vaca fria, devo dizer que a maior parte dos abusos sexuais sobre menores em Portugal ocorre no seio das famílias e as vítimas são, por regra, crianças do sexo feminino. Portanto, a haver novidade no método do caso Casa Pia - foi que o país ficou a saber que aquela regra mudou, pois os casos de pedofilia não se centram apenas em crianças do sexo feminino, como também ocorrem fora do círculo restrito do núcleo familiar. Também aqui Portugal mudou, embora seja uma mudança que me faz pensar que a pedofilia sempre existiu e irá continuar a existir, variando os métodos de abordagem para a consecução deste tipo de crimes.
E o que preocupa é que este meu querido Portugal já chafurda na m.... em tantas áreas, bem poderíamos dispensar este luto canalha cujo paradeiro se desconhece e, bem vistas as coisas, talvez devesse ser imputado um pouco aos agentes de todo este processo, em particular os próprios pedófilos, sujeitos activos dos crimes, mas sem esquecer as polícias de investigação incompetentes - que passam uma imagem de ser das melhores polícias de investigação criminal do mundo (rssss!!!) e, naturalmente, os senhores juízes que, por certo, cometeram inúmeros atropelos à verdade dos factos, precisamente por nunca terem conseguido apurar a verdade tal qual se passou. Este será mais um crime mudo em Portugal.

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