sábado

A "tomazi-sa-ção" de Belém

Cavaco frisa que quis mostrar «país que não aparece nos telejornais», TSF O Presidente da República sublinhou que o objectivo do seu Roteiro da Juventude foi mostrar um «país que não aparece nos telejornais». Cavaco Silva disse que quis mostrar um país «onde existe iniciativa, criatividade e inovação». (...)
Obs: Em si a iniciativa não é má, mas cabe ao PR - que supostamente representa todos os portugueses, encontrar novas fórmulas para promover o país, estimulando a nossa economia.
Ao fazer este show-of demo-populista Cavaco não só diz ao país que se está a perfilar para fazer um 2º mandato em Belém, como também reconhece que nada mais consegue fazer do que repetir a fórmula presidencial de Mário Soares assente nas "presidencias abertas" - que então acusava de "força de bloqueio". Além de se constituir, com aquela sua entourage deprimente, numa espécie de estação de tv alternativa - pensando, assim, que pode governar o país mediante o poder dos media e da sociedade espectáculo. Mas como cavaco nunca leu Débord nem Schwartzenberg e os seus assessores também não lhe explicam o que isso significa, temos um PR mediano a representar 10 milhões de portugueses, agora com ignição telemediática.
Este Cavaco é muito "giro": quando lhe convém esconde as comunicações públicas ao país e pretende depor PM através de ciladas ao estilo da Guerra Fria, foi isso que fez escolhendo o mau mensageiro, Fernando lima para o servicinho das famosas escutas do Governo a Belém; quando lhe interessa ser populista, arma-se em agência de comunicação, só faltando abrir uma sucursal da sopa dos pobres no Palácio de Belém. Este tipo de cinismo e de hipocrisia política deve ser denunciado.
A história não deixa de encerrar este tipo de ironias, e quando, de facto, se fizer História cavaco talvez fique nela com o presidente que queria ser pivot da TVI em momentos pré-natalícios.
Ou seja, cavaco sob a capa de ser um político sério com dimensão de estadista é, na realidade, um demo-populista que se serve da função presidencial para relançar a sua recandidatura a Belém. De nada servem os seus elevados conhecimentos de economia para fomentar a nossa indústria, serviços e agricultura. Apenas show-of disfarçado de moralidade pública.
Cavaco faz-me lembrar aquelas pessoas preocupadas com os assuntos públicos, mas imersos nos seus problemas privados, que também são públicos, neste caso.
No tempo do velho "botas" (Salazar) o então PR, Américo Tomás, cortava fitas, Cavaco quer ser uma espécie de pivot da TVI.
Confesso que já não sei o que é pior...