quarta-feira

O milagre da multiplicação por Cavaco Silva com travo germânico

Temos aqui discordado do modo como o PR tem exercitado o seu mandato nestes primeiros dois anos do seu mandato. Foi demasiado corta-fitas a evocar o tempo e o modo de Américo de Tomás. Doravante, quiça tocado pela crise e por uma vontade inaudita de fazer algo para combater a crise e em prol do seu País, Cavaco resolve entender que ser PR é sair da "toca" de Belém e fazer o papel de embaixador económico - mostrando as potencialidade de Portugal e procurando atrair Investimento Directo Estrangeiro para a nossa economia. Fazer, no fundo, aquilo que António Costa, edil da capital, fez o mês passado, deslocando-se numa visita relâmpago ao Brasil para aí tentar vender Lisboa enquanto um pólo de interesse turístico. Em tempos de crise é legítimo que as populações esperem dos seus representantes uma capacidade de iniciativa política mais desenvolta, mas moderna e actuante, no fundo, mais empresarializada, pois é aí que se travam os principais desafios do futuro.
Neste quadro, registamos com satisfação que desde que cavaco se deslocou à Alemanha, e não foi só por causa da Qimonda, uma grande multinacional alemã a loborar em Portugal, a VW de Palmela/Autoeuropa - já anunciou um reforço da sua laboração, tanto mais que o código laboral permite uma maior flexibilidade e isso faz com que todos ganhem, nessa imensa cadeia de produção. O que já é um "activo" nos tempos que correm.
Esta visita que Cavaco fez à Alemanha já deveria ter sido repetida a muitas outras capitais da Europa, com o fito de abrir mercados, revelar potencialidades. Tudo factores que tendem a matar cerce o proteccionismo que nestas conjunturas tendem a eclodir, e quando isso acontece, à instabilidade económica segue-se sempre a instabilidade política e social, que é de evitar. Até porque se estes passos políticos não forem dados, seja pelo PR seja pelo Chefe do Governo, aquelas virtualidades do mercado único - pilar fundamental da construção europeia - ficariam hoje sériamente comprometidas, e isso traduziria uma grande derrota para a Europa, um retrocesso para todos nós que nos batemos por um grande mercado livre e aberto, embora regulado e socialmente justo e sustentável.
É, portanto, assim que encaro esta visita oficial de Cavaco à Alemanha: por um lado Cavaco sai da toca e começa a fazer algo por Portugal, até porque ele goza duma experiência ímpar de uma década de PM. Em segundo lugar, Cavaco pode conseguir sensibilizar o empresariado germânico a investir mais e melhor em Portugal, o que é crucial num momento em que a realidade mostra as falências diárias das empresas que cá laboram. Em terceiro lugar, esta deslocação pode significar uma nota de confiança nos mercados, nos agentes económicos e até, no limite, a resposta para muitas incertezas e alguma pobreza que, infelizmente, como se vê um pouco por toda a Europa, já atingiu o tecido social português.
Razões mais do que suficientes para sugerir a Cavaco que já não regresse da Alemanha onde está, mas que de lá se reencaminhe para outras capitais europeias (e quiça ao Oriente...) a fim de repetir a mesma rábula. Ele apenas terá de ler os mesmos papéis, ajustando apenas alguns títulos, substituindo o nome dos titulares políticos e, eventualmente, falar uma outra língua. Com sorte, daqui por mais quatro anos o PSD ainda terá um bom candidato para relançar à corrida nas eleições legislativas de 2013, ante o deserto que hoje tolhe o partido da Lapa.
Se assim for, até direi que o PSD começrá já hoje a ter visão de futuro para dar respostas aos desafios que se colocam à modernização da economia portuguesa, designadamente em matéria de envelhecimento da população, alterações climáticas, energias renováveis, competitividades das PMEs, da formação do nosso tecido produtivo, qualidade dos nossos quadros e da I & D realizada.
Neste quadro desenvolvimentista não me surpreenderia ver Cavaco a correr para o cadeirão de S. Bento, quase 20 anos depois de lá ter estado, e designar a srª ex-pupila - que hoje assume o papel de porta-voz não autorizada de Belém - Ferreira leite - para sua mandatária de campanha nessas eleições de 2013.
Em rigor, o futuro é nosso. É a isto que aqui designamos de milagre da multiplicação de Cavaco com travo germânico.