quarta-feira

Carlos Candal quer dar um "chuto" no Manuel Alegre...

Este epifenómeno, alimentado pela novela sul-americana designada Manuel Alegre, ainda termina mal. José Lello diz que o poeta não tem carácter; António Vitorino - num registo mais diplomático - considera que Alegre está no limbo, por isso toca e foge - para aguentar o eleitorado PS e ter cobertura presidencial, caso avance para Belém, como deseja. Ou melhor, ele não quer outra coisa... Ele e os seus amigos e apoiantes que o estimulam, dentro e fora da blogosfera - que hoje já não sabem o que pensar ou escrever para defender a sua primadona. E quando se põem a dissertar sobre o inócuo é melhor não escreverem nada, a fim de reduzir a asneira.
Agora, de forma mais contundente, Carlos Candal, quer dar um chuto (presumo que no rabo..) de Manuel Alegre. O poeta, que pouca coisa sabe fazer na vida além de uns poemas que só os amigos lêem, poderia aproveitar toda esta narrativa e fazer um poema de quilómetro e meio e lançar um livro. Ou seja, tirar vantagem duma debilidade.
Alegre, como toda a gente sabe, vive há 30 anos de mecenato político, encostado ao PS, além da luta contra o salazarismo e daquelas "radiofonadas" de Argel - nada de útil se lhe conhece nos 30 anos sebsequentes à Revolução dos Cravos. Mas arma-se em primadona da democracia em Portugal, pensa-se uma instituição, acha-se importante, referencial, simbólico, mas quando se lhe pergunta que política económica seguir - ele responde: Temos que ver, logo se vê, não há respostas definitivas... Uma reedição de conversa de chacha. E quando elabora um pouco mais, repete as tramóias estalinistas dessa dupla maravilha Fazenda & Louçã.
No fundo, Candal, na sua tradicional coragem e afirmação da verdade, e com a sua voz grossa - aqui emparelhando com Alegre, diz aquilo que toda a gente pensa (dentro e fora do PS), mas não diz por reserva mental, educação - preferindo engolir esse sapo-velho e insuflado representado pela figurão proto-histórico de Manuel Alegre.
Numa palavra: Candal está de parabéns, porque a verdade, ainda que incómoda, não deve ser omitida. E Alegre não merece que lhe escondam a verdade. na verdade, ele tornou-se um impecilho dele próprio nessa vertigem de auto-destruição que resolveu seguir. Até porque Alegre, se tivesse coragem e verdadeira personalidade política, diria em voz alta aquilo que pensa de Sócrates, e não andar a conspirar pelos cantos da Assembleia da República com meia dúzia de velhinhas com o Louçã à ilharga.
Alegre, no fundo, é um calculista, um hedonista, um dandy alienado no tempo que está entrincheirado no seu próprio cinismo e paixão que o conduzirá à autodestruição. Alguém que se toma politicamente demasiado a sério. Ele pensa que os votos que teve nas últimas eleições presidenciais estão guardados numa gaveta velha do arquivo da Biblioteca Nacional, e que dispõe deles como um feitor administra o seu pomar. Mas está rotundamente enganado... Alegre, nem ninguém em democracaia, é dono dos votos...
Manuel Alegre integra hoje aquela categoria de pessoas que quanto mais pensamos nelas menos pensamos delas.
Infelizmente, Candal tem razão. O resto é vaidade e vento que passa, como diria o Eclesiastes...