A vendetta de Miguel Cadilhe

Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças de Cavaco e ex-presidente do BPN - banco nacionalizado para evitar o efeito sistémico de contágio que geraria falências em empresas e prejuízos avultados em milhares de clientes individuais, aproveitou hoje a sua ida ao Parlamento para, na comissão especializada, vingar-se do actual Ministro das Finanças, voltar a chamar incompetente ao Governador do BdP, Vitor Constâncio e chamuscar o PM.

Já se percebeu há muito que o BdP andou mal neste processo (assim como no do bcp), a supervisão deveria ter actuado, a administração Cadilhe jamais deveria ter tomado posse e a Justiça - assente em relatórios realizados pelas auditorias - também deveria ter desencadeado o funcionamento da investigação criminal na sequência da contabilidade paralela existente entre o BPN e o tal banco virtual de Cabo Verde.

O Estado nacionalizou o banco e despediu Cadilhe, o BPN foi integrado na CGD - e hoje é do interesse do cds, psd (e oposição em geral) - deitar gasolina na fogueira - recuperando cadilhe a toda a hora para, com o capital de queixa que tem do Governador do BdP (que detesta pessoalmente) - atingir Teixeira dos Santos e o PM em particular.

Compreendo Cadilhe, deseja ardentemente vingar-se de quem não deu toda a informação, a sua breve gestão de 4 meses até foi virtuosa ao enviar informações do banco e de certos administradores para a investigação criminal, porque teve logo a convicção de estar na presença de ilícitos. Mas nesse caso deveria ter ponderado aceitar presidir ao BPN (ou aceitando, continuando naquele barco roto), mas o essencial ele não explicou: como poderia o BPN continuar a operar sem contaminar o mercado criando aí mais problemas às pessoas e às empresas?

Por outro lado, o plano Cadilhe para salvar o banco nunca foi nem inteligível nem credível, por isso o Estado fez bem em nacionalizar tranquilizando o mercado e evitando o risco sistémico que efectivamente existia.

O Estado só não "nacionalizou" (nem promoveu) o próprio Miguel Cadilhe - que agora deseja vingar-se de Vitor Constâncio - queimando-o na praça pública, chamar mentiroso ao ministro das Finanças e dizer que o PM não deverá continuar a manter a confiança no actual Governador do BdP. Três em um.

Foi a missa de cadilhe com muita pausa dramática.

Era previsível...