Cavaco é o "homem-cato" do sistema político português que parlamentarizou o regime

O sr. PR, Cavaco Silva ao integrar na sua agenda política um tema tecnico-jurídico especioso como o Estatuto dos Açores, ao fazer um psicodrama a 31 de Julho e outro no fim do ano, desafiando gratuitamente a maioria rosa na AR, ao suportar uma política-kamikase como é Ferreira leite (transformando-a numa porta-vox de Belém, provando que os assessores que tem não satisfazem), escolhendo a via da mediacracia em lugar de socorrer-se dos canais e órgãos formalmente competentes para expurgar as normas inconstitucionais dos diplomas legais (TC) - está a fazer tudo o que está ao seu alcance para se auto-marginalizar do sistema político português - do qual era suposto ser o garante e o fiel da balança.

Ao concentrar em si esta catadupa de erros políticos - Cavaco consegue afastar o Governo, a sociedade e até a oposição de Belém.

Hoje quem apoia Cavaco é uma troika de players que fustigam mais do que valorizam: Ferreira leite (uma pupila de antanho), o Al berto da Madeira (que ainda não conhece bem o significado da palavra democracia pluralista e estado de direito), razão por que a mensagem do PR se lhe aplica bem e não colhe na democracia pluralista dos Açores e, claro está, a prensa de serviço do Público do sr. Fernandes.

Três nomes muito pouco recomendáveis que convertem hoje Cavaco no homem-cato do sistema semi-presidencialista português que parece ter-se parlamentarizado. Esta é a grande contribuição de Cavaco para a Teoria do Novel Direito Constitucional em Portugal: a parlamentarização do regime.

Cavaco é hoje um homem só. Muito pouca gente se quer aproximar dele, sob pena de picar-se, o élan que tinha esmoreceu, a sociedade olha para ele com a memória de ex-PM e não como PR e, de tudo resulta uma conclusão óbvia:

• Cavaco iludiu-se, confundiu os papéis - e ao pensar que tendo sido um bom PM poderia dar um bom PR enganou-se, frustrando também os portugueses que há muito já perceberam que em Belém hoje nascem catos...