sexta-feira

O Tribunal de Contas já tinha dito que não. Oliveira Martins vive obsecado com a Capital...

O Tribunal de Contas já tinha dito que não. A autarquia de Lisboa recorreu, mas levou a «nega» pela segunda vez. António Costa não escondeu a indignação. Lamentou a decisão, mas já disse que não vai recorrer.
Mesmo sem ajuda, a autarquia conseguiu pagar metade da dívida e já renegociou quase a totalidade do que ficou por pagar, o que de resto se nota pela quantidade de buracos nas ruas e nos passeios da capital.
À custa de cortes e muita poupança, António Costa garante que a autarquia lisboeta já não está em aperto financeiro. A situação crítica de 2007 já lá vai e o orçamento para 2009 já representa o tão esperado momento de viragem.
Duas notas ao dr. Guilherme, o queirosiano do TC:
1. Quando hoje se pergunta a qualquer cidadão munícipe lisboeta que ideia faz do Executivo de António Costa neste ano e meio de gestão política - é a imagem de seriedade, credibilidade, contenção e até um esforço por tocar transversalmente todas as áreas da governação da cidade que sobressai. Com o pesado fardo herdado do tempo Santana & Carmona - é óbvio que isso só é possível através duma política financeira altamente exigente a fim de reequilibrar o passivo e, ao mesmo tempo, ir fazendo a intervenções possíveis na cidade. Quer se goste ou não deste Executivo - essa é uma ideia que já normalizou na mente dos lisboetas, seja-se de esquerda ou de direita.
2. Quando se evoca o TC e o seu presidente a ideia que os portugueses fazem de Guilherme de Oliveira Martins (neto do famoso historiador) é a de um intelectual, um político sério e experiente, e que, como Oliveira Martins gosta de dizer quando foi ministro das Finanças (e da Educação) - cultiva a inovação e a mudança, valores que reputa essenciais para a estabilidade do sistema.
Ora, Lisboa não é bem a autarquia de Freixo de Espada à Cinta, dela depende o próprio desenvolvimento do País, mas o dr. Guilherme teve brio em chumbar o 1º pedido de empréstimo, e, agora faz gala em chumbar o recurso. É isto que lhe dá alento.
Até parece que Oliveira Martins deseja a todo o custo - não o sucesso de recuperação financeira da capital, mas o desastre político pessoal de António Costa, o que a ter algum fundamento revela alguma obsessão não com a capital mas com o seu edil. Mas ainda bem que o TC não viabilizou o empréstimo, obrigando a vereação a uma maior imaginação, coragem e ginástica financeira e orçamental para tapar a cabeça e destapar os pés, e tapar os pés e destapar a cabeça, como fazia o Bocage com a sua manta.
O ano de 2009 será um ano de maior estabilização financeira, as dívidas estão sendo liquidadas a bom ritmo, ninguém se suicidou, e, no final, António Costa e a sua vereação é que ainda terão o ensejo de enviar uma carta ao presidente do TC agradecendo-lhe a vetaria, o que só favoreceu uma política financeira de imaginação e engenho que acabou por favorecer Lisboa e os lisboetas.
Há males que vêm por bem, como diz o povo...
Nesta conformidade, proponha-se o nome do presidente do TC para receber mais uma medalha no dia 10 de Junho pelos "altos serviços" prestados à capital do País e pelo forte contributo que deu a partir da poltrona do TC para a recuperação económica e financeira da capital.
Por cada buraco tapado em cada rua os lisboetas estão gratos ao dr. Martins.
Proponha-se, em complemento, o seu nome para uma rua da capital para que todos nos lembremos das maldades que o presidente do TC - em tempo útil - fez a Lisboa.
PS: Talvez daqui por uns anos algum historiador (que não seja funcionário do TC) possa sistematizar numa nota de pé-de-página a obsessão rigorista do dr. Guilherme relativamente a António Costa, perdão, à autarquia...