sábado

DIRECTAS - por António Vitorino -

A imagem é nossa mas prescinde dos "copy-raites" como fazia franciscanamente o Agostinho da Silva com os direitos de autor dos seus livros, além de que nunca procurei enriquecer por esta via.
António Vitorino
jurista
"A eleição directa do novo líder do PSD foi um processo recambolesco. Quem conhece a vida interna dos partidos sabe bem que este tipo de episódios ocorre com alguma frequência revelando a natureza arcaica das estruturas partidárias. No caso do PSD a controvérsia sobre a definição do universo de eleitores agravou a situação, dando não só origem a recriminações mútuas como a uma conflitualidade que tendeu a colocar em segundo plano o debate político de fundo.
A escolha pela eleição directa das lideranças tem vindo paulatinamente a substituir o processo representativo indirecto dos congressos tanto à direita como à esquerda.
A eleição directa representa, sem dúvida, um reforço da legitimidade das lideranças. No pressuposto de que as escolhas dos militantes se orientam sobretudo pela preocupação de eleger aquele líder que maior impacto terá na sociedade e consequentemente em subsequentes eleições nacionais, das directas resultará, em princípio, a selecção do candidato que se mostre mais em consonância com o eleitorado real e potencial do partido.
Quando uma eleição directa interna se centra excessivamente nas tricas da vida partidária, será aquele impacto externo que tenderá a ser sacrificado ou, no mínimo, subestimado.
É ainda cedo para saber qual foi o critério que prevaleceu na eleição de Luís Filipe Menezes. Isto é, se prevaleceu o cansaço e a falta de esperança com a liderança anterior na preocupação de ganhar o País ou se, pelo contrário, o voto dos militantes foi sobretudo determinado por uma revolta contra o aparelho do partido, uma elite dirigente que se comportava com alguns tiques feudais e uma opinião publicada que quase unanimemente antecipava a vitória do líder cessante.
A resposta a esta dúvida virá agora quando a nova liderança começar a ter que prestar provas. E como sucede em todos os partidos que estão na oposição, ainda mais quando essa oposição se defronta com um partido que dispõe de uma maioria absoluta no Parlamento, a legitimação de uma escolha partidária por voto directo dos militantes carece de confirmação em função dos resultados obtidos no País. Neste aspecto o primeiro teste serão as eleições regionais dos Açores, no ano que vem e, depois, os três actos eleitorais de 2009, para o Parlamento Europeu, para as autarquias locais e para a Assembleia da República. Entrementes esta legitimação pelos resultados será aferida inevitavelmente pelos resultados das sondagens...
A vitória de Luís Filipe Menezes foi muito expressiva, quer quanto ao número de votantes quer quanto ao resultado obtido pelo vencedor. Eleições competitivas geram sempre mobilização partidária e apresentam um impacto positivo junto dos eleitores em geral, na medida em que a alternância democrática é sempre um factor de robustecimento da democracia.
À partida, as condições da nova liderança do PSD são-lhe particularmente favoráveis.
O que não significa que o vencedor não tenha que enfrentar algumas dificuldades.
Por um lado, no rescaldo de um combate interno renhido, o primeiro desafio de qualquer liderança é refazer a unidade do partido. Ora já se percebeu que entre os vencedores há os que privilegiarão o reagrupamento das hostes e aqueles que acham que chegou o momento de ajustar contas com o passado recente. Arbitrar entre os vencedores generosos e os vencedores ressentidos será o primeiro teste à nova liderança do PSD.
Por outro lado, como a campanha foi frouxa em conteúdos políticos, o novo líder tem as mãos livres para (finalmente) definir o rumo que pretende imprimir ao principal partido da oposição. A escolha que fizer terá também implicações na maneira como o governo e o partido que o apoia se posicionarão no futuro.
É aqui que as coisas se tornam de facto interessantes no plano de combate político para esta segunda metade da legislatura. É que pela primeira vez temos num partido com vocação governativa um líder populista que, ao dizer candidamente que não sabe o que é o populismo, demonstra que não só o é como... como não se importa nada em sê-lo! Isto promete!"
Obs: Ainda pensei que o António Vitorino apelidasse o Meneses como a Evita de Gaia como oportunamente cunhava o Jumento. Por mim, ficava-me apenas pelo 1º parágrafo - que resume tudo: embora não sejam só as eleições que foram "rocambolescas", elas foram-no devido à natureza da personalidade dos intervenientes. Mas há coisas que não se podem dizer... E o que é que se pode ao Meneses?!
Eu digo: olhe que vá chorar para a porta da Auto-Europa em Palmela, talvez com um bocado de sorte ainda jogue à sueca com alguns sindicalistas do "carrrrrapau", beba umas cervejolas acompanhadas a tremoço e "minuins" e regresse a Lisboa via Trafaria num catamaran a meter a meter água completamente frustrado porque o seu método de S. Francisco de Assis de chorar à boca das unidades industriais parece não ser eficaz na era da globalização competitiva.
Ou seja, Meneses sabe tanto de economia como eu de lagares de azeite e de caractéres chineses, por isso mais uma vez o telefone toca nos ouvidos do eloquente Ângelo - que será pau para toda a obra. Nunca pensei.., agora que o Ângelo está bem na vida é que virou assessor político do Meneses..., um líder populista terceiro-mundista com tonalidades sul-americanas que nenhuma PME desejaria comprar, mesmo com as cotações em "alta"...
Permanece uma dúvida na República: ainda não percebi se o Ângelo está a fazer tanto esforço braçal para voltar a ser Ministro da Administração Interna de Meneses (dum governo que jamais existirá) ou para ser Chefe de gaminete do Santana flopes (que existirá jamais).
Eis a dúvida do Macro no Dia 5 de Outubro, Dia da Revolução do Zé Povinho, como diria o genial Rafael Bordalo Pinheiro. Cujo manguito Meneses verá reflectir-se pelas próprias bases do partido que hoje o levam ao colo.
Ou seja, "isto promete", como conclui AV. E eu já estou a ver o Ângelo nas galerias da AR a esbracejar e a dar instruções através de 7 telemóveis..., e a despachar para a Lapa e para Gaia no meio daqueles seus perdigotos - com o canastrão do Santana sob fogo parlamentar e a confundir a Ota com o TGV, o TGV com a EDP e a EDP com o PPD/PSD (ridículo.., as usual) - onde foi excellllentíssimo consultor...
Numa palavra: o desastre navega à vista e vai repetir-se, mas desta vez com pior magnitude... cujo epicentro, para agravar, reside já não só na Madeira mas também no concubinato açoriano.
Enfim, é a revolta dos parasitas - que a neo-semântica da gramática política designará por revolta dos contabilistas.