quarta-feira

Dalai Lama em Portugal - entra pela "porta do cavalo" - e sai pela coxia

Todos nós sabemos que o Tibet, tendo sido invadido pela China, permanece sob ocupação chinesa há mais de 40 anos. Menos tempo esteve sob ocupação Indonésia Timor-Leste, hoje independente, apesar de se encontrar num ambiente de quase guerra civil e francamente subdesenvolvido. Aqui a comparação é frouxa e só colhe no plano dos princípios.
Por outro lado, o líder político e espiritual do Tibet, o Dalai Lama, foi exilado do seu país, mas continua lutando – de forma puramente pacífica – a fim de libertar sua nação do jugo chinês - que ao tempo dos Tratados desiguais do séc. XIX também criticava o Ocidente, hoje, paradoxalmente, é um replicador dos métodos coloniais com matizes verdadeiramente bárbaras, conforme à sua tradição oriental. Afinal, a China pouco ou nada aprendeu com a história, e hoje comporta-se como um carrasco sem vergonha que não merece estar no convívio entre as nações democráticas e pluralistas.
Mas apesar da ocupação do gigante chinês - que tem inundado o Ocidente com lojas dos 300 que vendem produtos sem qualquer fiabilidade, o povo tibetano tem feito grandes sacrifícios para preservar a sua cultura e religião, no fundo tentar manter a sua identidade que a China tem cilindrado desde a invasão em 1957.
É óbvio que para países como Portugal - que reconhecem de facto essa ocupação - o líder tibetano é apenas um líder espiritual, e não um político ou chefe de Estado. Mais a mais Portugal pretende salvaguardar as suas relações bilaterais com a República Popular da China - com quem desenvolve importantes relações políticas e económicas, por isso o governo português nada fará que melindre ou questione essa relação harmoniosa com o gigante oriental.
É um pouco como aquela teoria do dois potes (o pote de barro/Portugal e o pote de bronze/China - com os dois em choque aquele parte-se mais fácilmente), tanta vez evocada pelo meu querido amigo e ex-professor (que já lá está, na terra da verdade) - Embaixador Henrique Martins de Carvalho. Um Homem tão estruturado que um dia cheguei à faculdade para receber a aula - e como desconhecia que os colegas tinham ido jogar futebol - apenas compareci em pessoa para a aula. Então não é que Henrique Martins de Carvalho deu-me a aula como se a turma estivesse toda presente!!! Há coisas na vida que não esquecemos. Em 1995 lá me fui despedir dele em Carnaxide - onde morava - para a sua última morada. Mas a lição ficou-me...
Mas, caramba, Dalai Lama é também um Prémio Nobel, tem-se associado a causas humanitárias, a sua acção é tão pacífica quanto legítima e mundialmente considerada, luta pela libertação do seu povo, da sua cultura, da sua religião e território do jugo chinês. O que deveria ser uma obra mais do que suficiente para todos os povos democráticos e todos os Estados do mundo apoiarem esta luta legítima.
E agora que Dalai Lama se encontra em Portugal, quer o MNE, Luís Amado, quer Belém, na pessoa do PR, poderiam bem receber o homem, nem que fosse a título privado para não melindrar os chinocas que têm antenas em todo o lado. Sugerimos os Pastéis de Belém, o CCB depois afastar alguns quadros de mau gosto da colecção do Big Joe Berardo, na Ajuda, no Martinho da Arcada, na Praça do Município, no Jardim da Estrela, na minha rua (que é Avenida), sei lá, tanto sítio útil para receber condignamente o Homem..., que não faz mal a uma mosca.
Seria um gesto bonito de Portugal, que também se bateu contra a escravatura, e viu em 1998 os EUA apoiarem activamente a independência de Timor-leste da opressão da Indonésia. Portugal deveria ter memória e não comportar-se com um velho doente com Parkinson que, num ápice, passou a guardar os sapatos no frigorífico e a meter a mulher na dispensa com a justificação de que lá ela se conserva melhor.
Não pode ser, dr. Luís Amado. Não pode ser prof. Cavaco. O capital simbólico de um povo é superior à realpolitik do momento, ele resulta da história, dos afectos, de todo um capital simbólico que urge respeitar e, também, da grandeza dos homens cujo reflexo aqui não vi. E anda o prof. cavaco a falar da recuperação da da História, da importância da memória, dos costumes e dos monumentos e do diabo a sete. Discursos leva-os o vento. Quando ele entra por esse caminho, lembro-me logo do Bolo-rei... e dos perdigotos!!!
Até porque de nada servirá ser subserviente à China, amanhã ela calcará ainda mais a sua pata opressora, pois nunca ninguém se fez respeitar por subserviência ao opressor. Além de que a China não é Europa, Portugal é. Então, para que servirá a treta da UE hoje presidida - ficcionalmente - por essa anedota - curiosamente maoista - chamada couve de Bruxelas, o Zé barroso!? Isto até parece um conluío entre eles.
Fazemos nossas as palavras de Dalai Lama: "..., Hoje é o dia...".
Dalai .. - se quiser marcar uma audiência com o Macro - recebo-O de braços abertos, e até pode ser ao som do Imagine de John Lennon...
DADOS GERAIS
Língua: tibetanoReligião: budismo tibetanoSituação Atual: O país está sob ocupação chinesa. Chefe de Estado: Dalai Lama (em exílio) Localização Geográfica: O Tibet localiza-se no centro da Ásia e faz fronteira com a Índia, Nepal, Butão, Burma e China.
PS: Dedicamos esta reflexão ao povo tibetano martirizado pelo novel "Gengis-Cão" do Oriente, e também ao meu ex-professor, embaixador Henrique Martins de Carvalho - cuja memória ecoa bem no meu presente pelo muito que aprendi com ele.
Imagine
de John Lennon [contra o mundo "cão" em que os chinocas nos querem fazer viver. Por mim, nunca mais entrarei numa loja made in Ch. - é o boicote económico do Macro. Sugiro façam o mesmo]