quinta-feira

E Guterres, que pensaria ele do aeroporto?!

Confesso que já tenho saudades de ver Guterres desfilar no teatro político português. Não para o ver a enganar-se em mais uma equação do PIB, mas para ouvir aquele seu brilhantismo discursivo (sempre de improviso) que o caracteriza e que hoje só tem par com António Vitorino, que deveria estar no governo, em qualquer governo de Portugal.
Vem isto a propósito, claro está, do novo aeroporto internacional de Lisboa. Por um lado, porque Guterres é engenheiro (creio que inscrito na Ordem), já foi PM de Portugal, hoje desempenha um relevante cargo internacional e, certamente, ainda que de longe - no meio dos pobres e subnutridos do mundo dos 3A (África, América e Ásia) - também deve ir acompanhando o que se vai passando pelo burgo. Nem que seja ao Tm com os amigos que tem por cá e que não serão poucos certamente, ao invés de Durão Barroso que parece só a esposa tem algum sentimento por ele.
Daí a magna quaestio que é legítimo colocar: o que pensaria António Guterres deste calcanhar de Aquiles? Onde construir o aeroporto?
Como europeista convicto, e depois de andar meio ano a receber autarcas, consultores, empresários e o mais, creio que Guterres não hesitaria em validar a sua decisão com um estudo bem fundamentado ao nível da UE, sem embargo de ter outros estudos de âmbito nacional.
Ainda assim, se dúvidas existissem porque não lhe telefonam e formulam a questão: ó engº Guterres, quer o aeroporto em Alcochete ou na Ota?
Seria desafiante que ele respondesse em Luanda por causa do petróleo, e porque talvez Angola ainda poderá servir de Capital de um Império a haver.
E se em lugar dos aviões construíssemos uma frota de navios, reactivando a Lisnave e a Setnave - dando pretexto ao Carvalho da Selva e ao camarada torneiro-mecânico - Jerónimo de Sousa - para relançarem o movimento sindical português - de molde a viajarmos mais de barco e a por de parte o avião. Pois estes são muito perigosos, além disso sempre será preferível morrer no Atlântico à boca dum Tubarão (dando alguma luta, comendo primeiro a perna, depois o braço, e só depois a cabeça) do que sofrer o vórtice da morte a 900 Klm contra um rochedo. Aqui nem dá tempo para rezar...
Mandem-se vir os barcos e os estaleiros e ponham-se de lado os aviões e os aeroportos..