terça-feira

"Universidades privadas e a Feira do Relógio"

Nota prévia:
Mais um eficiente Editorial do Jumento, com a particularidade de posicionar Platão - o homem de ombros largos - virado de costas para a sanita. Custa-me a crer que aquele otoclismo, assim, funcione. E não funcionando, é como o ambiente nas privadas, a caca fica toda alí, às moscas, poluindo o ambiente. Os alunos é que pagam as favas, o velho Estado é o laxista de sempre: depois de liberalizar o sector, passou a cúmplice. Hoje não passa dum espectador comprometido sem quase nenhuma capacidade de regulação, e as inspecções são o que se vê...

As universidades privadas lembra-me a Feira do Relógio, todos barafustam contra a facilidade com que se obtêm cursos nessas universidades, mas a verdade é que são de uma grande utilidade. Ali compram-se canudos universitários com a mesma facilidade com que se compram um par de jeans da melhor marca na Feira do Relógio, depois de engomadas e vestidas ninguém vai duvidar da sua autenticidade e o seu dono entra para o clube dos que usam jeans de marca.

Salvo honrosas excepções, algumas das nossas universidades privadas não passam de feiras do relógio do mercado universitário, quem não consegue entrar numa universidade credível vai lá comprar o canudo que se ajusta às suas ambições. Tal como na Feira do Relógio, a inspecção vai lá de vez em quando para fazer um simulacro de combate à contrafacção, e tudo fica na mesma. As licenciaturas dessas universidades estão para as de uma universidade a sério como as roupas de marca vendidas na Feira do Relógio estão para as que são vendidas na loja de marca, a diferença está no preço já que na qualidade já quase ninguém repara.

Mas quem vende os canudos de contrafacção não são “ciganos”, são distintos doutores, altos quadros do Estado, altos magistrados, a fina flor da intelectualidade que encontrou na desgraça do ensino um excelente negócio para ajeitar as contas.

Mas desiludam-se os que pensam que os que adquirem diplomas em contrafacção não fazem bom uso deles, basta estar meia dúzia de anos fora de um serviço que quando regressamos damos com tudo de pernas para o ar, a antiga secretaria tem um curso de gestão de qualquer coisa e damos com ela numa fulgurante carreira de técnica superior, eu próprio tenho dificuldades em saber quem é quem no meu serviço.

O grande mercado dos canudos de contrafacção é o Estado, nos seus concursos uma licenciatura em Economia com média de 15 na Universidade Independente vale infinitamente mais do que a mesma licenciatura conseguida na Universidade Nova. E se, como sucedeu nos últimos anos, num processo de reclassificação qualquer canudo serve para transformar uma desconhecida administrativa num brilhante técnico superior.

A Feira do Relógio teve mais sucesso a vender canudos universitários do que a tradicional feira localizada junto ao aeroporto tem tido a vender roupa em contrafacção, até porque, apesar de tudo, a ASAE é bem mais exigente e eficaz que a Inspecção do Ensino Superior. A dúvida está em saber porquê