terça-feira

Nunca pensei que João Miguel Tavares "matasse" assim o Pina Moura em directo, pelas páginas do DN

Ac coisas que hoje é possível fazer pelas páginas dum simples jornal. Depois ainda dizem mal da blogosfera - que não é toda igual, evidentemente!!! Eu que não simpatizava com Pina Moura até já me condoo por ele. Já agora, uma perguntinha: quanto é que será que o cardeal irá ganhar??? Pois, no fundo, é isso que mais interessa saber... O "sacana" do Luís Vaz é que a sabia toda... Por isso, etminou Os Lusíadas com a palavra que - ainda hoje - melhor definem os tugas: a inveja.
Uma perguntinha menor para o articulista João Miguel Tavares: se o Pina Moura fosse receber um ordenado de estagiário também escreveria este artigo...
Um dia os accionistas das empresas espanholas com negócios no rectângulo ainda terão de me explicar por que razão acham que Pina Moura transpira mel. Mas coitado, logo defenestrá-lo... é demais!!!
Hoje já não durmo só de pensar em ver o Pina todo esfarrapado, além de que não consigo imaginá-lo, por mais que me esforce, ver o JMT jogá-lo do 5ºandar por uma das janelas do DN alí da Av. da Liberdade.
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jornalista
Receita tipicamente portuguesa: agarra-se num molho de amigalhaços que contribuíram para a chegada do partido ao poder, escolhem-se os mais viçosos e polvilha-se com eles os conselhos de administração das empresas públicas. Serve-se a frio, custa a engolir, mas pelo menos estamos habituados ao sabor. Ao que não estamos habituados é a esta variante espanhola da receita, que até já dispensa os tachos públicos para compor o refugado, tal é a vontade de favorecer quem manda na cozinha. Quando são as empresas privadas, de livre e espontânea vontade, a entregar os seus jobs aos boys dos outros, algo está podre no reino de Portugal.
A escolha de Pina Moura para presidir à Media Capital, a convite da Prisa, é uma das mais preocupantes notícias dos últimos tempos. Ao pé disto, a telenovela em redor da licenciatura de José Sócrates é apenas programação infantil. O ex-ministro do defunto Governo do pio Guterres, conhecido como o "cardeal" pela forma como se movia nos corredores do poder, e que pouco depois de ter saído do Executivo saltou para a liderança de uma das empresas que mais favoreceu enquanto governante - a espanhola Iberdrola -, vai agora tomar conta da televisão mais vista do País. Tenham medo. Muito medo.
Porque uma coisa é ser cardeal de corredores. Outra é ter à sua disposição uma igreja para pregar, frequentada por milhões - sobretudo quando a missa que nos quer oferecer não interessa nem ao menino Jesus. E é tal o seu desplante que até foi para o Expresso admitir que "o convite tem um pressuposto ideológico". Já se desconfiava, pois não são conhecidas a Pina Moura competências técnicas para gerir uma empresa de media. Aliás, como ele próprio admitiu, mal conhece o canal que se prepara para liderar.
Poder-se-ia supor - hipótese académica colocada pela mais ingénua das almas - que a nomeação de Pina Moura se devia à sua finíssima inteligência. Mas até nisso a entrevista ao Expresso é mortal: ninguém razoavelmente inteligente admitiria a existência de um "pressuposto ideológico", coisa honesta mas muito burra. Quando se fala em "pressuposto ideológico" - ou seja, na escolha de um homem do PS para liderar a TVI -, das duas uma: ou a Prisa quer levar o mais belo socialismo para a estação, distribuindo os lucros pelos trabalhadores e nunca mais explorando os estagiários; ou então quer doutrinar a redacção sobre as maravilhas do Governo socialista. E eu aposto que a exploração dos estagiários vai continuar.
Amiguinho da Prisa e da Iberdrola, amado por Sócrates e pelos espanhóis, Pina Moura quer armar-se no nosso novo Miguel de Vasconcelos. Tal como o outro, defenestrá-lo seria fazer um enorme serviço à pátria.
A TRAGÉDIA
Miguel de Vasconcelos (c. 15901640) foi Secretário de Estado da duquesa de Mântua, vice-rainha de Portugal, em dependência do rei de Espanha, tornando-se odiado pelo povo, por, sendo português, colaborar com a representante da dominação filipina. Foi a primeira vítima da Revolução de 1640, tendo sido defenestrado da janela do Paço Real de Lisboa para o Terreiro do Paço. Assim como previa a revolução o povo, que aguardava no Terreiro do Paço só saberia que a revolução tinha sido bem sucedida quando Miguel Vasconcelos fosse defenestrado.
Um esconderijo apertado
Depois de entrarem no palácio, os conspiradores procuraram Miguel Vasconcelos, mas dele nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcelos. Onde estaria metido?
Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nada! Ora acontece que Miguel de Vasconcelos, quando se apercebeu que não podia fugir, escondeu-se num armário e fechou-se lá dentro, com uma arma. O que finalmente o denunciou foi o tamanho do armário. O fugitivo, ao tentar mudar de posição, remexeu-se lá dentro, o que provocou uma restolhada de papéis. Foi quanto bastou para os conspiradores rebentarem a porta e o crivarem de balas. Depois atiraram-no pela janela fora.
O corpo caiu no meio de uma multidão enfurecida que largou sobre ele todo o seu ódio, cometendo verdadeiras atrocidades.
Há também quem diga que Miguel de Vasconcelos foi atirado vivo e que fora o povo que o matou.