sexta-feira

Socas às vezes fica radical, nuclearmente conservador

José Sócrates rejeita a opção pela energia nuclear. O primeiro-ministro mantém a aposta nas fontes de energia renováveis. «Os países que quiserem tomar a opção pelo nuclear, façam o favor. Em Portugal, não, o nosso caminho está definido», afirmou Sócrates ainda antes do início da cimeira que decorre até sexta-feira em Bruxelas.
As alterações climáticas são a preocupação fundamental dos estados-membros. A Comissão leva à mesa dos 27 a proposta de redução, até 2020, de 20% das emissões de dióxido de carbono face aos números de 1990.
Mas os estados-membros estão ainda divididos acerca do recurso à energia nuclear. Alguns países não acreditam que as energias renováveis bastem para alcançar as metas globais de redução de emissões de gazes e por isso sugerem a opção do nuclear.
Ainda antes do início da reunião, José Sócrates sublinhou a importância de os 27 acordarem um objectivo quantificado para a «quota» de energias renováveis. O primeiro-ministro sugere ainda que cada país tenha liberdade para escolher a melhor combinação de fontes de energia.
«Em Portugal, nós não usamos o nuclear, nem pretendemos usá-lo. A nossa aposta é nas energias renováveis», sublinhou o primeiro-ministro, adiantado que Portugal já está a seguir esse caminho, em especial através da aposta na energia eólica e no potencial hídrico do País, que Sócrates considera estar «desaproveitado».
Obs: Sócrates é tão liberal numas coisas, e tão conservador noutras ao fechar-se à opção do nuclear como têm feito com sucesso a França, a Espanha e outros países da Europa. Ao menos o PM poderia lançar o debate, para introduzir a problemática, debatê-la, gerar o contraditório na sociedade, chamar técnicos estrangeiros alí à Gulbenkian para dar testemunhos, desbravar caminho. Poderia até pedir ao seu amigo Fernando Gomes da Galp - um grande especialista em petróleos de um momento para o outro - para ser o Relator ou o novel Comissário da Gulbenkian, desde que com o agreement de Emílio Rui Vilar, naturalmente. Seria até inteligente fazê-lo, pois por este andar Socas vai repetir a 2ª maioria absoluta - não tanto por mérito próprio ou excelentes resultados na sua governação, mas por demérito da oposições, mormente do psd. Se permitisse lançar o debate Socas estaria a ter inteligência política, porque numa 2ª legislatura qualquer que seja o PM a opção do nuclear irá provavelmente colocar-se. Por isso, não se compreende tanta resistência de Sócrates pelo nuclear. Chego até a pensar que foi algum trauma que lhe ficou por se ter licenciado naquela Universidade dos diamantes, do petróleo e dos cabeças-rapadas cujo Reitor, o sr. douto Luís Arouca - especialista em economia soviética - demite corpos sociais e expulsa os professores do recinto da Universidade utilizando métodos mais censuráveis do que aqueles que a PIDE utilizava para se fazer obedecer. Por vezes pergunto-me o que é melhor: esta democracia ou uma ditadura...