segunda-feira

Notas Soltas de António Vitorino aponta o Tratado Constitucional Europeu para Guimarães

Gostei de ouvir António Vitorino propôr a ideia de realização do Tratado Constitucional Europeu - hoje num impasse - para a cidade de Guimarães, mas não em 6 meses.... Como seria um holandês a soletrar a palavra - Guimarães - como compensação dos muitos anos que tivemos de fonetizar essa singularidade que foi o Tratado de Maastricht, também conhecido como Tratado da União Europeia (TUE) assinado a 7 de Fevereiro em 1992 na cidade holandesa de Maastricht e representou, pela 1ª vez, a vocação de unidade política da UE. Portanto, europeus - fixem bem a palavra: GUIMARÃES...
Mas foi a troika de valores (pax+democracia+prosperidade) que abriu o legado europeu destes últimos 50 anos a que AV se reportou com maior ênfase: a pax (do post-II Guerra Mundial); a democracia - dando os exemplos de Espanha, Grécia e de Portugal então três ditaduras que olhavam para a CEE como hoje os balcãs olham - desejando ardentemente entrar para beneficiar das vantagens materiais e políticas e do acquis communautaire inerente a qualquer Estado-membro.
Depois também apreciei as palavras que AV teceu a Mário Soares, um nome incontornável na conatrução da Europa e que muito contribuíu para a nossa adesão plena, de resto consensualizada na sociedade portuguesa, com excepção dessa ovelha negra do PCP - que sempre foi um partido anti-sistema. Pois para eles o referencial dos valores democráticos eram as chamadas democracias populares de partido único telecomandadas por Moscovo ao tempo da soberania limitada do carrancudo Leonidas Bresniev... que acabou, anos depois, por perder a face no Afeganistão, em 1980. Portanto, e descortezias aparte, o facto de Cavaco não convidar Soares só se explica por dois sentimentos: ressentimento; e receio que Soares fizesse sombra.. Como sabemos, Cavaco é esguio, assim passou pelos intervalos da sombra... Se chuvesse teria também vantagem porque também não se molharia, pois passaria pelos intervalos dos pingos.
A
declaração de Berlim é uma treta, atrevo-me a pensar que a sua autoria foi de durão Barroso que chegará ao termo do seu mandato e só tem a reunião do Ambiente para apresentar no activo do seu caderno de encargos comunitário. Que é manifestamente insuficiente atendendo à alta traição política, ética e moral que cometeu para com Portugal e com os portugueses que, ainda por cima, estiveram de castigo ao andar por aí durante seis meses pela mão do canastrão da política lusa: Santana lopes.
Em rigor, este é que foi o verdadeiro crime de fujão barroso - entregar o poder ao seu inimigo figadal, um player completamente impreparado para a governação. O facto de ter fugido era já uma predisposição genética (previsível) inscrita no seu código de ADN maoista. Barroso, no fundo, mais não fez do que dar um passo atrás para galgar a Europa aproveitando a rampa da Cimeira dos Açores e os salamaleques político-diplomáticos de Blair e do mentecapto do outro lado do Atlântico..
Uma última nota sobre a 1ª reserva de AV: a prosperidade, de entre a pax e a democracia, aquele valor é, de facto, o mais perene e o que hoje está mais arredado do desejo de bem-estar da sociedade europeia. O desemprego, a falta de investimento, as deslocalizações selvagens da globalização predatória geradas pelas multinacionais de risco - são tudo indicadores desse desalento que hoje tolhe sobremaneira a Europa.
Isto fez-me lembrar uma questão que um dos maiores economistas do séc. XX, John Maynard Keynes colocou, perguntando-se sobre como a sociedade dos seus netos iria usar a sua riqueza e a liberdade sem precedentes de que dispunha face ao velho problema da luta pela sobrevivência diária. António Vitorino ao sublinhar esta sua reserva, e bem, tornou, no fundo, aquela pergunta de Keynes como sendo também - e infelizmente - a nossa (maldita) questão.
Keynes já morreu, a sua receita para dinamizar a economia pelo efeito do acelerador do investimento público e do consumo privado, hoje já não é panaceia (antes pelo contrário, é hipotecária do nosso futuro), por isso, em face da maldita questão, pergunto: terá a Europa "tomates" para ultrapassar essa magna quaestio que funciona como um cancêr do 1º quartel do III milénio...
Nem valerá a pena colocarmos a questão a "Fujão" Barroso, pois sabemos que ele, de facto, não os tem...