domingo

Mendes, Carmona e José Miguel Júdice. O caos na S. Caetano à Lapa

«Um dramático braço-de-ferro entre Marques Mendes e Carmona Rodrigues terminou ontem, ao princípio da noite e depois de quase três horas de reunião, com o presidente da Câmara de Lisboa convencido a dar o dito por não dito. Carmona saiu da sede do PSD rumo aos Paços do Concelho disposto a convencer Fontão de Carvalho a suspender funções, precisamente o contrário do que tinha dito ao princípio da tarde, quando se afirmou solidário com o seu vice.
À hora do fecho desta edição, a dúvida era se Fontão seria convencível, sendo certo que, se resistisse, o PSD lhe retiraria a confiança política. Quanto a Carmona Rodrigues, saiu da S. Caetano à Lapa sem se comprometer com nada relativamente a si próprio. A direcção do PSD confia que o presidente da Câmara continuará ele próprio em funções, mas Carmona não deu garantias explícitas de nada. E a sua relação com Mendes viveu um primeiro abalo.
Quinta-feira à noite, quando se soube que Fontão estava acusado de peculato num processo sobre a EPUL, Marques Mendes começou por questionar a acusação e acordou com Carmona Rodrigues que o seu vice poderia manter-se em funções. Mas as pressões para que revisse a sua posição foram em catadupa, interna e externamente, sobretudo depois de Fontão ter admitido que já era arguido neste processo há três meses e que omitira tal facto porque “nunca ninguém lhe perguntou”.» [Expresso assinantes Link]
PSD é hoje um “partido mais conservador do que há 20 anos’’, ‘‘equívoco’’ e ‘‘sem estratégia’’. Júdice escreveu a Marques Mendes e saiu (link)
O advogado não poupa críticas à liderança de Marques Mendes
FOTO JOÃO CARLOS SANTOS
"José Miguel Júdice decidiu sair do PSD. Vinte e cinco anos depois de ter aderido ao partido, Júdice escreveu uma carta a Marques Mendes a expor as razões da saída e confessou ao Expresso estar desiludido com a falta de rumo e de bandeiras distintivas do Partido Social Democrata que, na sua opinião, está “mais conservador do que há vinte anos”.
“O PSD mudou de natureza e não consegue captar para o seu seio os dinamizadores ideológicos porque não tem nada para eles”, afirma o ex- bastonário da Ordem dos Advogados, que aderiu ao partido um ano depois da morte de Sá Carneiro e que integrou, com Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, e Pedro Santana Lopes, o famoso grupo “Nova Esperança” que, nos anos 80, combateu o Bloco Central.
José Miguel Júdice ainda foi sondado por Marques Mendes para colaborar na revisão em curso do programa do PSD. Mas diz que já não existiam condições para continuar. O famoso advogado e ex-dirigente do partido - que em 98 aceitou o desafio de Marcelo para voltar à política activa - aconselha Mendes a esclarecer se quer ser de direita ou de centro-esquerda, liberal ou conservador? Porque, na sua opinião, o PSD é hoje “muito equívoco”, com “derivas”, “ausência de estratégia” e incapaz de se diferenciar do PS de Sócrates. “Diga-me três coisas que o PSD esteja a lançar de forma consistente”, desafiava ontem, num artigo de opinião no ‘Público’.
Júdice acha que o mal também atinge o PS e o CDS, mas é mais feroz com o PSD, reconhecendo que José Sócrates “está a ocupar o lugar simbólico que antes ocuparam” líderes do seu partido, como Sá Carneiro ou Cavaco.
Defensor do ‘sim’ no referendo do aborto, José Miguel Júdice acha que a forma como Marques Mendes conduziu o partido neste processo “foi um factor importante” para acelerar a sua desilusão. O PSD teve uma posição sem estratégia e Marques Mendes sai como perdedor sem capitalizar a derrota”, afirma, garantindo não sonhar com qualquer carreira política.
Ângela Silva
Obs: Doravante, sempre que vejo alguém a apertar a mão a MMendes penso que lhe vão vão bater... É estranho, mas é assim que vejo o actual líder deste psd, alguém batido e autor dum partido sem rumo, sem bandeira, conservador como diz, e bem, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice. Um intelectual e um dos fundadores do partido. A essa luz a sua demissão do PSD revela um afastamento ainda maior do PSD relativamente aqueles que pensavam algo acerca de alguma coisa. A surgir agora essa demissão tem um sabor a dupla derrota para Mendes que, qualquer dia, passa pelos intervalos da chuva sem se notar. O problema do PSD é, contudo, mais grave do que parece. Não há, na realidade, um líder com capacidade capaz de ser alternativa credível a Socas. E os bons tecnocratas são apenas isso mesmo: tecnocratas, e aqui inscrevo António Borges que espero nunca se abalance para a liderança, porque se o fizer e ganhar algum congresso, o que duvido, não estará lá mais do que 90 dias...