quarta-feira

Nunca uma Acção de Graças teve "tanta" Graça. Vantagem da Democracia é que hoje gozam-nos na cara e em directo

Uma boa safra!!! O que poderá ter motivado o ainda DGCI ter solicitado à Igreja o agendamento uma Acção de Graças - quando o país real, i.é, a sociedade, os agentes sociais e económicos vivem nas ruas da amargura, cada vez mais endividados à banca, hipotecados, bloqueados na sua actividade económica, muitos sem perspectiva de prosseguirem as suas actividades e com falências à porta?
Será que o dr. Macedo considera que o seu sucesso pessoal corresponde ao sucesso geral do país real? Se sim é grave, e não deveria brincar com a sociedade inscrevendo a Igreja na esfera da tomada de decisão política, ainda que subreptíciamente; se não considera que o seu sucesso pode ser transponível com o sucesso (ausente) da economia portuguesa - então também deveria ser mais recatado e não expôr-se dessa maneira algo aristocrática, querendo até dar um sinal ao país como se fosse o PM, o PR ou até um petro-monarca árabe que se junta com meia dúzia de amigos do petróleo para distribuir galinhas e galos na Igreja à plebe, numa sofisticação da missa do galo com tiques banco-burocráticos.
É certo que o DGCI granjeou algum êxito porque os sistemas informáticos e alguns técnicos da sua Direcção-Geral passaram a ser menos laxistas e a trabalhar por objectivos, mas daqui a endeusar o homem vai uma distância que jamais se deve alimentar em democracia. Recordemos que aqui o argumento da proveniência do actor é sempre uma suspeita, um risco, uma ameaça para o pluralismo democrático e o rule of law. Todos e cada um dos portugueses interrogam-se se um sujeito daqueles à frente dum organismo sensível como os Impostos - e sendo um quadro de origem do Millenium - não terá a tentação de, no segredo dos gabinetes, nas omissões da lei, no jogo de compadrios, nas manobras de dilação burocrática e num sem números de dispositivos para safar "amigos" e punir resistências - seja parcial nas suas decisões.
Afinal, o que é este homem celebra? a riqueza geral do país?; as boas colheitas dos agricultores?; os lucros escandalosos da banca?; as fusões e as Opas em curso?; o Inverno rigoroso?; a crise da classe média que entretanto se brasileirizou - de tão paupérrima que está?; que festividade, afinal, anima o sujeito para ter convocado uma Acção de Graças? Gozar com os portugueses em directo...
Tirando o seu sucesso e os quase 5 mil cts que ganha, antevemos que o seu ego é ainda maior do que ele? Será uma personaalidade histriónica com uma mente borderline, tipo Fidel Castro... Tentará ele envolver a igreja e o clero na sua cruzada pela manutenção do seu statu quo e, assim, condicionar o governo - desde já - na sua recondução? A que se deve tanta gratitude e a que homenagens, fidelidades e obediências deve respeito? Por que corre Macedo? Quem o empurra? Por este andar, ainda se decreta um dia de feriado nacional pelo exemplo de altruísmo do dr. macedo, em nome da sã economia nacional e combate à invasão e fraude fiscal. Será que ele se sente bem fazendo o que faz dispondo duma tremenda desigualdade de meios em seu favor?! Será que um tipo destes chega ao final do dia e está de consciência tranquila - só porque conseguiu que meia dúzia de empresários não fugissem ao fisco? Será isto uma arte e uma techné?! É óbvio que não, o país formal deve estar louco por manter este privilégio aristocrático nas franjas da democracia e deve, desde já, dizer ao senhor que cessando o seu mandato ele poderá regressar à banca donde veio.
Ao ver aquele ritual de Acção de Graças - só me lembrei que poderia por alí irromper um perú bêbado - devidamente adestrado - pronto a sacrificar a sua vida para o repasto que se seguiria depois, com toda aquela família da Opus, da banca, do bcp/milenium e suas participadas - numa manifestação neocorporativa que está sempre predisposta a concidionar - senão mesmo estrangular - a democracia pluralista se ela não jogar o jogo ditado pela banca.
Para mim duas coisas são claras: uma é que o QI do Sr. Macedo não é superior ao de muitos de nós, aliás, ele não fala, esconde-se, tem medo de aparecer, não sabemos sequer o que pensa acerca do que faz, podemos até desconfiar que não é um Homem, mas um robot de 1ª geração.
Em 2º lugar, na Administração Pública há gente mais qualificada e com melhor CV, basta que o ministro das Finanças e o PM dê cobertura a um plano operacional que será executado à risca. Manter o que está, é uma aberração da democracia, é potenciar um estatuto de privilégio verdadeiramente escandaloso e inaceitável, e a senhora Manela Ferreira leite, que não deixa saudades algumas, foi a responsável por este imbróglio e hoje deveria ser chamada a ajudar o governo a descalçar esta bota.
Uma solução de recuso, a fim de evitar continuar a lesar o Estado com esta delapidação remuneratória ao sr. macedo, é fazer com que o millenium assegure os 18 mil euros (em excesso) e o Estado garanta os 5 mil restantes, assim os contribuintes não se sentem esbulhados.