domingo

Esta distinção é para si: blogger, ciber-nauta...

A revista justifica a decisão no exponencial crescimento e influência dos conteúdos online publicados pelos cibernautas em blogs ou sites como o YouTube e MySpace.
Segundo a Time, em comunicado, esta nomeação visa distinguir «você» e todos aqueles que estão a transformar a era da informação.
O anónimo vencedor impôs-se a candidatos como os presidentes do Irão, China e Coreia do Norte, bem como a James Baker, ex-secretário de Estado dos EUA e presidente do Grupo de Estudo sobre o Iraque.
A revista elege desde 1927 «a pessoa ou pessoas que mais influenciaram as notícias e as nossas vidas, para o bem ou para o mal».
Os últimos, além do vocalista dos U2 e Bill e Melinda Gates, foram o presidente dos EUA, George W. Bush, em 2004, e o «soldado norte-americano», em 2003.
Entre os distinguidos mais polémicos encontram-se Adolf Hitler, em 1938, e o ayatolah Komeini, em 1979."
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  • Notas Macroscópicas: exceptuando alguns energúmenos que poluiram a história com o seu bafo, alí mencionado pela Time, quero aqui declarar que nada disto me surpreende. Todos os dias, a toda a hora, constato que muitos dos bloggers portugueses batem aos pontos a generalidade da imprensa. Seja na capacidade de debitar conhecimento, criatividade, abordagem dos problemas, redacão do português, argúcia analítica, clarividência, responsabilidade na formação da opinião e o mais...
    Em qualquer dos parâmetros hoje o jornalismo clássico ficaria objectivamente a perder ante uma blogosfera mais e melhor preparada científica, técnica e culturalmente. Naturalmente, que isto toca apenas numa franja restrita da blogosfera nacional, mas nem sequer me atrevo a quantificar ou a identificá-la. Todos nós, no nosso íntimo, e depois de lermos aquilo que cada um pensa e escreve, consegue fazer esse exercício de auto-consciência, ainda que depois não cite o blog que acabou de ler por inveja, suspeição ou qualquer outro pecado capital que deus lhe deu e que ainda não conseguiu ultrapassar. Mas é gratificante uma revista como a Time - vir a público reconhecer aquilo que há muito já sabíamos. É como se nos dissessem a mesma verdade duas vezes por um telefone antigo. Não surpreende, mas consolida. E depois, quem não gosta de ouvir o ring-ring das relíquias do passado!!!
    Ainda por cima fazemos "esta merda" à borla... O que me dá ainda maior vontade de rir quando sei que as visões, os dn, os públicos, os espessos, os sóis, pagam aos pachecos, aos miguéis, aos marcelos, aos moreias, aos megas farinheiras e conexos a módica quantia de 80 a 150 cts à peça - quando um blogger consolidado faz uma dessas croniquetas - na esfera da cultura, da sociedade, da economia ou da política - em 22 min. por 5 euros ou até à borla se o director do media pedir pfv. Isto também é bem um retrato do que é a mediacracia instalada por esses jornais e revistas de papel que vivem numa ilusão de que o trabalho que fazem ainda consegue ser melhor do que aquilo que é hoje produzido na blogosfera. Pura ilusão.
    Reconhecer isto é dramático para o chamado jornalismo de poltrona - ainda muito povoado pela rapaziada que hoje tem 40/50 anos, o curso dos liceus mais ou menos completo e muita, muita tarimba. No fundo, alguém tem de compreender o valor dessa tarimba...Ainda que ela depois revele conteúdos, abordagens, linguagens e narrativas que são do outro tempo e traduzem bem o gap entre a qualidade do jornalismo de poltrona e a retumbante originalidade debitada pela blogosfera - a cada min. que passa.
    Muitos desses mangas-de-alpaca do jornalismo luso não escrevem uma linha sem primeiro aterrarem em meia dúzia de blogues, só depois é que conseguem concluir o 1º parágrafo. E, o que é mais lamentável ainda, são aqueles casos em que as direcções de certos jornais e revistas proibem alguns dos seus colaboradores de terem uma actividade
    blogosférica normal, porque, dizem, estraga o negócio à mediacracia instalada na bovinidade da sua mediocridade.
    Alguns desses casos até já deram origem a despedimentos. Constatar isto também é lamentável, mas um sinal do realismo doentio dos nossos tempos. Tempos de crise para a jornalada