Parabéns ao Jumento
Já começa a ser uma prática mais ou menos institucionalizada alguns bloggers felicitarem-se pelo tempo de existência que têm no ciber-espaço. Tanto mais este Ferrari dos blogs em Portugal, pois "não há gato sapato" que não o conheça. Fale-se com um assessor de autoridade de S. Bento, de Belém ou afins, fale-se com um trolha, um marceneiro, um gestor, um empresário, um simples estudante e ninguém desconhece esta relíquia da blogosfera nacional. Por isso felicitamos aqui este seu 3º aniversário, segundo creio saber. Estamos mesmo convencidos que até Alberto João o conhece, certamente... Deve até ser um pesadelo para ele...
Todavia, nestas novas hierarquias dá-se muita imprtância ao nº de visitas que se tem diáriamente, e aqui há de tudo: desde aqueles que depois de activarem o contador nele interferem para fazer subir esse número, aos que o escondem ou optam por não ter o contador númerico activado (porque se envergonham) de mostrar as 10/15 visitas por dia - e é com a ajuda dos primos, do cão e do papagaio; e aqueles que têm o que têm, e o mostram sem complexos. Mas infelizmente, tenho constatado muito complexo, muito pudorzinho instalado em algumas doutas consciências que depois deixam saltar esse bolor para a blogosfera... Feliz ou infelizmente, também aqui há reflexividade...
Contudo, parece-me que aqui há de tudo: 1) blogs bons com boas visitas; 2) blogs bons ainda com escassas visitas; 3) blogs medíocres com muitas visitas, são os blogs-fama que parasitam o seu dono ou a rede de contactos que ele põe ao serviço da sua rede pessoal; 4) blogs emergentes e portadores duma mensagem de esperança. Alguns tenderão para a especialização (em economia, sociedade, política, ambiente, artes, intelligence & security, culinária e cortinados, etc) temos de saber triá-los em funções dos gostos e interesses de cada um.. Aqui o campo de subjectividade é tremendo, e exige filtros permanentes nessa depuração.
Tudo isto para ressaltar o seguinte: não é pelo facto de um blog ter 500/1000 visitas dia que o torna automáticamente num blog com qualidade. Já há por aí muitos blogs com muita audiência mas que, na realidade, não valem um chavo. Embora isto seja subjectivo, claro está!!! Depende sempre de quem vê e em função de que valores, objectivos e de referências tem em mente quando faz essa selecção.
O Jumento, pelo que conhecemos dele aqui destas andanças, podia ter só 500 visitas dia, poderia até ter 5000 visitas dias, e continuaria a ser o que é: um espaço de excepção não comparável, como aqui temos dito, a nenhum outro blog em Portugal. Claro que isto irrita muita gente menos séria, que passa a vidinha lá caído e nunca por lá comenta: são os tais complexados dos contadores, os manientos da soberba, os arrogantes da tanga, os catedráticos de generalidades, os livrescos de frases ocas, os egoístas e os narcísos, os egocêntricos, os merdinhas que se julgam importantes, influentes - há de tudo - e para todos os gostos. Qualquer dia até o Miguel Sousa Tavares se arrepende, reconhece que se enganou naquele miserável artigo de opinião "Cibercobardia" (pelo excesso de generalização) - e também passa a dispôr de um blog. Terá de ter ajuda, naturalmente.. Porque como ele confessou os "chats e os blogs são-lhe completamente estranhos"... Pois! e eu também gosto muito de compota de maçã e de Cerelac... Mas regressando ao Jumento - porque toda a oportunidade é boa para reflectir, confesso que é dos únicos espaços com que consigo aprender algo todos os dias, sem desprimor para todos os outros. Mas as coisas são como são e não vale a pena incorrer em mentiras ou falsidades que só nos dão má consciência e geram remorsos. Aliás, é já muita gente que pensa assim, mas não consegue reconhecê-lo... Aqui funciona o carácter de cada um, o orgulho... E o Macroscópio - como sabe bem donde é a para onde vai - está-se nas tintas para que o Jumento o cite ou não - mas, acima de tudo, temos de ser sérios e reconhecer a excepcionalidade desse trabalho de análise diária, fazendo até serviço público. No fundo, aquilo não é um blog - mais parece a redação do sol e expresso juntos a laborar em tempo real. Sem ofensa para o Jumento, claro está! E depois há um outro factor que tenho notado no comportamento deste blog: pratica, regra geral, a regra da reciprocidade, ao invés de muito blog arrogante, pequenote, que por aí pulula numa paisagem de carvão, e isso também revela um traço de alguma humildade socrática tão rara - quer na sociedade de carne e osso, quer no ciber-espaço - onde duplamente nos movemos. Afinal, a noção que vou afinando da blosgosfera não é a de nenhuma corrida de cavalos ou éguas, o que se fosse equivaleria à ideia (torpe) de que tudo tem a ver com a obtenção de influência, dinheiro, posição e outros recursos conexos que por aqui também se vai conseguindo. Tudo isso é importante, mas não deve ser determinante, doutro modo estamos a criar uma outra sociedade desregulada em que a economia tritura a sociedade, numa aplicação grosseira da malha analítica de Karl Polanyi agora adaptada ao ciber-espaço. Em rigor, a Rede coloca-nos constantemente diante um problema epistemológico, por isso o Rizoma é muito mais importante (em termos de potencial de crescimento do que a mediasfera, que anda assustada pelos lucros cessantes que a blogosfera lhe anda a subtrair diáriamente, e isso reflecte-se numa diminuição da procura dessas publicações, aliado, evidentemente, a outras razões socio-económicas e de teor cultural) que limitam os hábitos dos portugueses pelo consumo dos chamados produtos culturais. Mas trata-se dum desafio estimulante. Talvez o mais estimulante que já tive no campo intelectual: nem como investigador, como docente, como articulista durante vários anos ininterruptamente o desafio foi tão intenso e entusiasmante. A rede obriga-nos a essa adaptação constante, a uma reinterpretação permanente dos dados do exterior, dos materiais políticos que seleccionados para esmiuçar, às vezes até de nós próprios - encontrando uma personalidade que julgávamos não possuir. É também este um problema espistemológico e filosófico, é o problema do Ornitorrinco colocado por Umberto Eco - quando releu Kant. O peso da tecnologia aqui tem de ser devidamente relativisado e integrado, pois ela não pode dominar as outras variáveis mais civilistas, doutro modo caí-se numa tecnocracia a evitar. Bom, mas tudo isto a propósito do aniversário do Jumento. Pois bem!!! Acima tem a Évian - uma égua novinha, desconhecemos se está com o cio, mas parece já ter os vícios das éguas mais velhas e relaxadas; aqui temos uma égua com personalidade e escola. Sabe peafé e outros passos mais que lhe emprestam altivez, vigor e porte. Cabe ao Jumento avaliar a que mais lhe convém: se uma, se outra ou ambas... O que poderá, neste caso, antecipar a sua desgraça. Sua - do Jumento - bem entendido!!
PS: cuidado com o tubarão que segue abaixo... Tubarão ou polvo...
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