quarta-feira

Nuclear: O debate sobre o novo modelo energético em Portugal

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Nota prévia do Macroscópio:

Agradeço aos autores, especialmente ao amigo Jorge Nascimento Rodrigues e também ao Editor Centro Antlântico o amável convite para o lançamento desta Obra que será, seguramente, um instrumento de trabalho e de debate de extrema utilidade em Portugal. Não apenas porque há pouca informação sistematizada sobre o tema, mas também porque se trata duma zona do conhecimento altamente problemática em que as emoções se sobrepõem às racionalizações no acalorado dos debates, sempre muito ideologizados e datados no tempo, como recentemente vimos a propósito do aprazado projecto Vasco da Gama para Sines.

Tratando-se de autores veteranos e com créditos firmados no mercado - não temos dúvidas de que se tratará de um projecto editorial tão credível quanto necessário em Portugal. Ao fim e ao cabo, e como leigo e consumidor falo (e como eu milhões de pessoas pensarão) este é um tema que nos diz respeito a todos: ricos, pobres, remediados (todos consumidores de energia) - dado que qualquer oscilação no preço ou no abastecimento do ouro negro, ainda que insifnificantes, esmagarão a nossa economia, já para não falar na constante ameaça/chantagem política (a que se soma agora a ameaça terrorista) que tornam insustentável a logística do nosso way of life e do padrão de modernização. E não estou a ver como possamos regressar a fox ou ao candeeiro a "pitroil" a fim de satisfazer as nossas necessidades da vida moderna.

INTRODUÇÃO
Com este livro, o Centro Atlântico pretende não só preencher uma lacuna na literatura não-especializada sobre as questões técnicas e económicas que a energia nuclear para fins pacíficos levanta, como sobre o esgotamento do modelo energético português.
O nuclear tem provocado, no nosso país, discussões públicas onde a emoção se sobrepõe, muitas vezes, à razão. Os problemas energéticos são transversais a toda a sociedade, influenciando profundamente o nosso modo de vida. As decisões que forem tomadas vão afectar as gerações vindouras. A única forma de permitir ao cidadão comum, interessado pelo tema, uma avaliação séria é expor os principais argumentos técnicos e económicos de uma forma objectiva e transparente, com espírito aberto a todas as soluções. O que esta edição faz, ouvindo os 10 principais protagonistas do debate em Portugal, a par de investigadores internacionais ligados ao estudo dos ciclos económicos e energéticos.
Não há hoje dúvidas de que a energia e o ambiente vão estar no centro do novo modelo de desenvolvimento que Portugal precisa implementar para alcançar as economias avançadas da União Europeia.
Escrito por dois jornalistas independentes, a obra conta, ainda, com um Prefácio de António Costa Silva, um reputado especialista.
O livro pretende que, num fim-de-semana, o leitor possa fazer mais do que um “resumo” de prós e contras. Porque fica com pistas para investigar o contexto de tudo o que está em jogo.
A revolução energética do século XXI
O tema da energia nuclear está hoje politizado e globalizado. Deixou de ser apenas um tema de investidores e governantes nuclearistas versus ecologistas que se confrontam nas ruas, nos referendos ou nos debates públicos em cada país. Já não é somente uma questão de riscos humanos em caso de acidente operacional ou com os resíduos versus vantagens económicas e de independência estratégica.
A politização extrema advém, hoje, da vontade de alguns países em entrar no clube das armas atómicas pela porta principal ou pelas traseiras e no já vasto grupo dos países que utilizam a energia nuclear para geração de electricidade. Em certos casos mais “quentes” é difícil a separação clara dos fins pacíficos em relação aos objectivos militares ligados a ambições de potência regional.
A politização advém, também, do novo contexto geopolítico e do seu impacto nas commodities energéticas em que se baseia o actual modelo de desenvolvimento económico, saído da 2ª Revolução Industrial, sentado em cima de dois combustíveis fósseis. O disparo dos preços do petróleo, a chantagem política em torno dos poços de crude e das jazidas de gás natural, o domínio dos oleodutos e gasodutos, bem como das vias logísticas fundamentais do trânsito destas mercadorias, coloca problemas geopolíticos graves aos países que dependem estrategicamente da sua importação.
A par da turbulência nos mercados spot e de futuros destas commodities, a pressão das alterações nos equilíbrios do Planeta e das metas associadas a esses desafios tornam a ruptura com o modelo energético do século XX uma questão prioritária, segundo alguns de vida ou de morte.
Daí a globalização rápida do tema, com um renascimento do debate sobre a opção nuclear nas opiniões públicas e nos governantes. Vários investidores e lóbis industriais viram, nestes sinais de viragem, uma janela de oportunidade para este negócio energético. Contudo, esta opção não está sozinha em cima da mesa; outros protagonistas estão na corrida para ocupar o espaço em declínio na oferta do petróleo e do gás natural, que muitos analistas alegam que irá ocorrer neste século. Alguns já apelidaram este período de «a grande corrida do século XXI». Uma revolução energética como já não ocorria desde o princípio do século passado. As gerações que a vão viver têm, também, uma oportunidade única de deixar a sua impressão digital no futuro do Planeta.
Jorge Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo pretendem deixar nas mãos do leitor uma reflexão independente.