terça-feira

O céu não fala, como dizia Confúcio

Amanhã um dos maiores politólogos portugueses irá apresentar um livro que já entrou no mercado. O S. Judas. Sobre o livro propriamente não vou falar,apesar de já o ter lido e achar um bom livro. Diz muito em poucas páginas: tem um história forte, está bem escrito e deixa-nos a pensar perante os portões da vida. Mas o que aqui saliento decorre mais da importância da religião para as sociedades ditas póst-modernas - que hoje ocupa o sonho destes ocidentais de meia tijela em que nos transformámos. Os ocidentais da bola em profunda crise, em agonia. Hoje, em rigor, não temos uma única ideologia de enquadramento que nos possa dizer assim: "vais por alí, porque é o melhor caminho". Hoje, directa ou indirectamente, todos vivenciamos o trauma da orfandade dessa ideologia que buscamos mas que, porventura, não existe. Hoje todos buscamos essa pérola-guia mas só damos de caras com lâmpadas fundidas - para não dizer uma asneira. Porventura, nunca como hoje buscámos tanta iluminação interior - uma espécie de Buda histórico - e não já uma revelação divina - como a do Deus da Bíblia, ainda assim não o encontramos. Isto leva-nos à questão de saber como encontrar essa luz interior, essa aspiração, essa ascese - que nos está vedada por direito próprio ou, pelo menos, não a encontro no Continente quando lá vou compar tomates, cenouras e espinafres para fazer a sopa. E tanto que eu gosto de sopinha, sem querer aqui promover os produtos vendidos no espaço do sr. Sonae. Que, aliás, também deve ter tido muita fé para construir o que construíu, já que era filho de um sapateiro e assume isso como um dado biográfico interessante. Agora só falta seduzir o Sócrates - que também é engenheiro. Mas dizia, se quisermos verdadeiramente encontrar um caminho interior, i.é, identificar essa tal religião interior (laica e "racional" - ou pelo menos sem ser enfeudada aos améns da Santa Madre de Roma como faz subtilmente César das neves - que qualquer dia já nem de economia sabe..) será mais lógico referirmo-nos ao confucionismo. Até porque o Céu não fala, como dizia Confúcio. Cabendo apenas ao homem encontrar a sua via, através da sua sabedoria e da sua razão. Mas se o Céu não é um Deus que tudo comanda através dos mandamentos, algum Mestre deve ser aquele que ordena este nosso cosmos. A não ser que se pense que esse mesmo cosmos seja um pouco como a economia nacional que anda à deriva esperando, nessa deriva dos mares agitados da praia do Guincho, encontrar a direcção e a força das ondas que um dia ainda nos farão aportar a bom porto. Eu que sou pouco dado a padrecos de meia tijela, leia-se - aqueles que o teo-economista da católica promove nos artigos lamentáveis que subscreve no dn, e ainda por cima lhe pagam, tendo mais a considerar que a igreja é cada vez mais caótica e sacana e o altar um palco donde a igreja faz o seu palco para afirmar a plenitude dos seus interesses. E aqui caem muitos interesses censuráveis. Mas adiante..., e como em matéria de fé cada um tem a sua, embora Buda seja um excelente guia - a par de Jesus - sempre me interroguei a que velocidade seguem para o céu as almas daqueles acidentados que foram atropelados a menos de 90 Km/Hora? Esta, creio, nem o Buda saberia responder.. Ou então sou eu que ando equivocado...

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