domingo

Vaidade e soberba. Que Deus os perdoe

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Navega-se pela net e encontra-se de tudo. Um "tudo" que em tudo excede o tudo que existe na realidade, na vida de carne e osso. Encontramos blogs-efemérides - como o de Constança C. e Sá e de VPV; blogs ou comentários-sentenças caprichosos cheios de pluma e presunção e muita, muita-gente que ou por não saber escrever, não saber pensar quer, à viva força, participar nesses meios ditos intelectuais e esclarecidos que os compensam. Mas será que eles - essa tal turba sequisosa - o faz pelo puro interesse em participar e enriquecer-se culturalmente?
  • Será que os comensais querem entrar na festa para efectivamente a valorizar? Será que querem ver os seus nomes pessoais e blogueiros - entre outros nomes artísticos - associados aos dessa dita intelectualidade num puro exercício de superação e, desse modo, atingirem um estádio mais elaborado e desenvolvido de reflexão, análise e opinião?
  • Será por essas razões? Julgo que não. Na maioria dos casos creio que as motivações são, de facto, de outra natureza. Vejamos: eu próprio entrei uma ou duas vezes para comentar alguns artigos interessantes de Vasco Pulido Valente e até de CCS que, antes demais, é uma mulher interessante. É claro que para muitos, como para o prof. Marcelo VPV é o maior génio lusitano. Muitos de nós, incluindo eu próprio, se deleitam com aquela capacidade de agarrar os assuntos; de dizer muito em poucas palavras; de apoucar aquilo em quem todos nós temos vontade de bater - o Estado e os políticos em geral - mas não o podemos fazer. VPV faz isso tudo no dn, no Público wherever.
  • Agora uma senhora sentiu-se ofendida e vai processar o senhor doutor VPV porque este lhe deu a entender que ela nem sequer frequência universitária tem. Enquanto isso a tal turba - que inunda às centenas as caixas de comentários com o chamado lixo blogueiro - clama pelo seu regresso.
  • Confesso que acho isto degradante, deprimente. Não para os autores dos blogs de sucesso, mas para os próprios participantes que pretendem atingir o estrelato com uma citação, um link, uma qualquer parecença junto dessa mui ilustre e garbosa intelectualidade.
  • Uma leitura breve sobre essas caixas de correio dá para constatar que mais de 90% daqueles comentários são puro lixo: não reporta ao tema; é ordinário; é reles; é violento e incita à agressividade e o mais que facilmente se poderá constatar.
  • Há dias dizia-me uma pessoa por quem tenho estima intelectual - embora não conheça pessoalamente - que ainda não tinha um blog precisamente para evitar estas formas de participação de gente pobre de espírito que por não saber pensar e por nada ter a dizer ao mundo, limita-se a ofender as pessoas de bem que apenas participam com ideias, com opiniões estruturadas e o mais. À falta de ideias sólidas bate-se no ceguinho. Este é o princípio. Basta entrar nesses blogs de "sucesso" para aferir esta comesinha realidade.
  • Sucessos destes dispenso-os eu. Em boa medida, por razões semelhantes também fechei os meus comentários. É claro que não tinha a catrafada de comentários bacocos desses tais blogs ditos da intelectualidade que marca o ritmo da velocidade da lux. Mas é que eu não tenho empregos na impressa para distribuir; não posso contratar ou sugerir nomes para escreverem na marie claire ou no pasquim de Frei de Espada à Cinta, não tenho a influência, a autoridade e o charme duma dama caprichosa, não sei se me faço entender.
  • Desta feita, resta-me tentar compreender as reais motivações de toda essa gente que participa em busca de um lugar ao sol na imprensa lusitana, e todos - se assim fossem inquiridos - responderiam que queriam ser como o VPV. E é aí que eu digo: porra!!!, há tanta gente em busca de status, de vaidade, de sol na cabeça, de norte no pensamento. Fico esmagado por constatar que em Portugal há toda uma geração assim: em busca de ser o nº 1; em busca da questiúncula; à procura dum achincalhamento; duma bofetada em jornalês; da satisfação que dá - ou pode dar - uma vingançazinha. Porra!!! Isto vai mesmo mal em Portugal. Depois, a importância que a blogosfera concede aos temas conexos - é delirante. Pois agora Portugal inteiro vai passar a saber - em sede de tribunal - se a srª "drª"Clara Ferreira Alves - de quem eu já tentei concluir algumas rábulas (sem sucesso), é ou não "dr.ª" ou se apenas concluiu o curso dos liceus. Se for avisem para tirarmos as aspas. O seu a seu dono. E as plumas são sempre caprichosas.

  • Mas esta prosa nem é, na realidade, sobre as pessoas que agora procuram dirimir os seus putativos conflitos em tribunal (no mónimo ridículo), reporta-se mais a essa geração de pessoas alienadas que procura sistemáticamente muletas de VPV, da bela mulher que é Constança, de P. Pereira e doutros blogs que andam na boca do ciber-mundo (alguns oferecendo reflexão-zero nessa república de citações, outros mais interessantes). Diz-se até que uns foram feitos só para demonstrar aos blogs já existentes que poderíam ser batidos em número de citações e de comentários. Cumprido esse desiderato, seguindo as boas regras do marketing - que diz não comas tudo duma só vez - dissimulam a dissolução para depois renascerem sob outra roupagem. Parece que P. Pereira ficou amuado porque foi batido em número de citações. Mas vendo bem, talvez não - dado que mais de 90% das mesmas no espectro não representa qualquer valia intelectual. Não obstante a valia e o mérito intrínseco de cada um destes actores - VPV, Constança, P. Pereira e muitos outros que se digladiam entre si, como se a blogosfera virasse um circo romano - por entre a turba ávida de sangue e de muitas feras.
  • Confesso que esta guerrinha entre gente grande reflecte, afinal, que a idade faz-nos regressar à puberdade. Uma puberdade que no meu tempo - tenho quase 40 - se media - entre os rapazes - por saber quem tinha mais pelosidade nas zonas periféricas aos órgãos genitais.
  • Observo a manada de comentários deste "Portugal dos pequeninos" sem sentido, a multidão de participações entre a ofensa e a pura maledicência - que não se percebe como não são liminarmente suprimidos pelos donos dos blogs em causa - (será que eles sabem mexer nos blogs ou é algum amigo do jornal do costume que faz a manutenção ao blog...) e chego à seguinte conclusão:
  • 1) Essa gente participa na esperança de ver o seu nome citado ou, de preferência, através dum link - que os fará entrar no tal sindicato de citações especiais que lhes confere, artificialmente - o cunho de intelectual encartado;
  • 2) Além da pura vaidade das coisas humanas - a que o homem jamais deve apegar o seu coração, existe também a imperfeição da ciência humana, dado tratar-se, esmagadoramente, de pessoas que além de não pensarem rigorosamente nada sobre coisa nenhuma - também não sabem o que fazer ao seu tempo. Daí à ofensa é um palmo. Fazendo depois desse palmo um way of life, living & lifting. E não se percebe, repito, como é que os autores destes blogs não suprimem essas ordinarices pegadas que nada acrescentam ao saber, antes contribuem para conspurcar o nome dos autores dos blogs onde os mesmos têm lugar. Será que os doutos mestres e doutores da análise e opinião não percebem este B-A-Bá da comunicação...
  • 3) Além da vaidade e da pura falta de ideias que os leva à ofensa sistemática - existe uma 3ª razão que propicia, quanto a mim, a que essa gente queira participar nesses "blogs-estrela", e que decorre da incapacidade dessas pessoas em saber moderar os seus desejos e ambições. Contentando-se, com facilidade e muita alegria, com uma simples citação que lhes abre as portas do tão desejado orgasmo intelectual quando, na realidade, mais não se trata do que uma ejaculação precoce nesse mesmo palno.
  • Mas será que esta troika de argumentos só é aplicável à massa informe de participantes que hoje rasteja por mais uma citaçãozita e mendiga um link? Não creio. Até porque a inteligência, o talento em escrever tem uma face negra e oculta. Um pouco como a manipulação da energia nuclear: há quem a canalize para o bem; há, porém, quem a dirija para o mal. E quando o amigo Albert Einstein descobriu que não podia só conter a coisa naquela 1ª categoria, abandonou o projecto Manhatan e dedicou-se a ser um pensador livre. Ficou mais homem e universalizou-se.
  • Ora é isto que falta a Portugal e a alguns portugueses (alienados) - que se julgam os donos da razão e da arte de saber pensar e escrever a razão analítica. É o efeito Pacheco Pereira, VPV - com quem, diga-se de passagem, temos aprendido alguma coisa, - mas que não esgotam outras possibilidades igualmente importantes de apresentar os problemas. E quem fala naqueles fala em mais uns e outros que andam nas bocas do mundo, nem sempre pelas boas razões. Estes homens da comunicação, até pelas especiais responsabilidades públicas que representam, deveriam ser os primeiros a dar um exemplo de civismo, de altruísmo e de cidadania. Mas não, eles transpiram invejam uns dos outros, canalizam 80% da sua inteligência - porque a têm de facto - a aguçar argumentos, análises e opiniões para destruir intelectualmente o outro, sendo que o "outro" é quem pensa ou sabe pensar diferente. É claro, clara, clarrísimo como a água que não incluímos nesta categoria a srª Clara Alves.
  • Talvez fosse mais avisado meditar-se nestas parcas notas, nem que seja para perceber que o estudo da própria sabedoria e da ciência, nos seus vários lugares e ângulos, pode conhecer a loucura, o desvario.
  • Até eu que não sou nenhuma estrela - nem sequer me faço rogado simulando extinguir aquilo que mal comecei, ou faço desaparecer aquilo que sabia antecipadamente não durar, compreendo que tudo isto não é mais do que vento que passa, vaidade pura, soberba aplicada, egocentrismo irreversível. É algo patológico que assaltou os espíritos ditos mais sclarecidos da nossa intelectualidade que reina nos jornais e que depois, lamentavelmente, se generaliza às mentes mais estéreis dos sujeitos que enchem as caixas de comentários com ditos sobre o estado da chuva e do repolho num misto de nada e de coisa nenhuma.
  • Porque até nessa muita sabedoria opinitiva por que a multidão solitária rasteja - como quem pede pão-de-ló para alimentar o jumento esfomeado - existe a maior tristeza de espírito, fazendo com que a muita sabedoria que os tais intelectuais de serviço ostentam, mais pareçe uma ciência sem utilidade. E uma ciência sem utilidade só pode servir algumas coisas que aqui já denunciámos: vaidade, soberba, rancôr e dôr. E que me desculpem estes beginners de serviço da intelectualidade post-moderna que arribou à blogosfera - mas o ciber-espaço não se compadece com essas regras mesquinhas, apesar de mui caprichosas.
  • A blogosfera não se resume à dualidade entre o sábio e o louco. O problema é que o sábio é louco; e o louco quer ficar como o sábio. Resultado: a massa informe de alienados que produz comentários sem sentido quer ficar igual ao homem de branco, pelo que se põe em fila para atingir esse magno desiderato. Mesmo que isto me custe uma não citaçãozeca nesse tal sindicato das citações dos amigos & amigalhaços - continuo a preferir mil vezes buscar e amar a VERDADE do que a subjugá-la a um mísero prato de lentilhas. Que foi o que esta pobre discussão me fez lembrar.

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PS: Já agora, até para os básicos como eu - sugiro aos rapazes do conceito da omnipotência intelectual que atentem numa pequena opção técnica que ora permite moderar os comentários ordinários e outra para - pura e simplesmente - os suprimir. Não o fazer tal só pode traduzir uma coisa: má fé. Ou então, o que é mais grave ainda: estupidez natural. Duas condições que, diga-se de passagem, emparelham bem com a dualidade da figura mísitica do sábio-louco, ou do louco que era sábio. Ou de coisa nenhuma - porque a inveja, a soberba e a vaidade trituram a razão.