"A Mensagem" de Fernando Pessoa na posse de Cavaco
Uma Assembleia de heterónimos... Para quê? Seria só do vinho? Das cartas da Ofélia? Creio que não. Por detrás disso havia metafísica. Muita metafísica...
Eis-nos perante uma Assembleia de heterónimos em que jamais sabemos quem é quem naquela produção múltipla e compulsiva, genialmente criativa e seminal, que até chega a esconder o seu próprio autor, se é que o(s) verdadeiro(s) autor(es) não são as criaturas que acabaram por gerar o próprio criador, depois de sair do Martinho da Arcada com uns copos a mais e acusado de bêbado por meia Lisboa. E até de ser analfabeto quando se propôs concorrer a um posto de bibliotecário numa biblioteca de Cascais - cujo júri era composto por um energúmeno que não hesitou em justificar que o nosso grande Fernando Pessoa dominava mal o português. Mas o ponto aqui não é esse, o ponto equilibra-se noutro desequilíbrio: o d' A Mensagem de Pessoa - quando estamos a 3 dias apenas da tomada de posse do novo PR. Olhar para o passado pouco ou nada interessa, senão lá ficaremos todos a chorar ensopando os lenços de papel cleanex enquanto a Europa se ri do nosso choro. E aqui Camões tinha razão: um fraco rei faz fraca a gente forte. E nós não queremos mais do mesmo, mais choramingueiras que inudam Belém e Algés. Um PR não é nenhuma carpideira, nem sequer é pago para isso. Mas se olharmos um pouco mais para trás das costas do ainda actual locatário de Belém, o que vemos? Vemos o D. Afonso Henriques a bater na mãe, o D. Sebastião por entre o nevoeiro, e este não deixava ver nada, excepto se as vagas soprassem do mar juntamente com umas mulatas que vinham nas caravelas, pois era através desse sinal que ficávamos a saber que os portugueses que zarparam estavam a chegar com sucesso e com as bússolas ainda a funcionar. Sabíamos também que o mar era salgado porque as mulheres depositavam lá os seus fluídos corporais. Mas foi aí que entrou em cena o génio de Pessoa - com a sua assembleia de heterónimos que ora nos baralhava ora nos caracteriza tão bem. Somos, de facto, muitos ao mesmo tempo. E Pessoa entrou em cena para dizer o seguinte: Deus quer, o Homem sonha e a "cobra" emerge - como se despontasse a toque de flauta oriental em mercado negro para sacar mais umas massas aos turistas de Nova Deli ou de Carachi. Com tanta obra a emergir, só podemos estar diante do Quinto Império, que não deve ser confundido com uma quinta em Azeitão e uma imperial. Refiro-me mesmo ao Quinto Império que a partir de 5ª feira será inaugurado com a investidura do novo PR. E se assim fôr ainda seremos os maiores da história mundial em curso, até porque por este andar já pouco importa se Portugal tem um Alto Comissário para os Refugiados (Guterres) ou um Presidente da Comissão Europeia (Durão Barroso). Um dia Portugal ainda fará eleger um presidente dos EUA e não um mero manga-de-alpaca tipo-diretor-geral bruxelense. Com isto quero dizer que Fernando Pessoa acreditava muito em profecias, especialmente na de um sapateiro de Trancoso, o Bandarra, que era outro alcoólico e andava aos "ss" quando a estrada era direita. Mas Portugal é um país tão pequeno quanto belo que vale sempre a pena tentar de novo. Tentemos, pois, fazer isso já a partir de dia 9 de Março com a investidura do novel PR.
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