sexta-feira

Portugal a 120%...

Image Hosted by ImageShack.us O estranho caso do doutor Jekyll e dos irmãos Hyde Em Londres existem dois irmãos, John e Bob Hyde, gémeos monozigóticos, iguais a 100%. Não sei porquê, mas é assim que eles gostam. O debate destes dois actores da política lusa teve, contudo, algumas diferenças. E não me refiro à cor das gravatas nem ao penteado. Isso não interessa nada aos portugueses. Nem aos colos onde cada qual se gosta de sentar, vagueando no carrossel da imaginação por onde flúem belos poemas de António Botto que, nas suas Canções, beneficiou de um prefácio de Fernando Pessoa. Sócrates, o psicólogo, fresco nas sondagens e beneficiando de não ter o desgaste da governação, falou para o País. Mas espreitou, essencialmente, as necessidades dos idosos, que são uma larga camada da população portuguesa, e os licenciados desempregados, outros tantos. Para ambos invocou extraordinários programas sociais, à custa do Estado, claro! Ou seja, com dinheiro dos impostos de todos nós. Falou também para os pobres mais pobrezinhos, aqueles que vão à sopa dos Anjos, ali à Almirante Reis e às misericórdias buscar roupa, pão e sabonetes. Que trocam por cigarros e droga para viverem libertos e felizes, como verdadeiros anarcas. O outro, o lunático, quis mostrar uma coisa: que tinha aprendido as noções básicas e aplicadas de economia pública e finanças que o dr. Bagão lhe explicou na véspera, sem o Paulinho das Feiras saber, é claro. E depois, rematou: eu até sei disto, de números e de economia & finanças. Foi aí que vacilei, e depois percebi que o dr. Lopes tinha prefaciado inúmeros livros de economia, mostrando um domínio extremoso de todas as estatísticas e indicadores e índices de desenvolvimento humano em Portugal. Fui à estante, e lá estava ele – o Lopes. No livro do Samuelson, no livro do A. Sen, no livro do Krugman, e até no grupo de “Chi-ca-go boys” a referência ao nome dele pontificava. Numa leitura mais fina, constatei que todo o I Capítulo da Riqueza das Nações, de Adam Smith, tinha sido obra sua. Influenciando Ricardo, Mills, e, mais contemporaneamente, Alfredo de Sousa, Cavaco, Constâncio, César das Neves e Margarida Carpinteiro. Esta senhora é actriz, mas apareceu num dos índices dos livros. Depois apareceu também a Filipa Vá-com-Deus e a Filipa Granel. Foi, então, que verifiquei, que me tinha enganado nas prateleiras. Já estava no Pantagruel…a fazer doces e a ler receitas. A cozinha ficou num caos, com tantos ovos partidos, fumos e o mais.. Enfim, tudo para dizer que o homem estava preparado. Tão bem que até fazia inveja ao Constâncio quando lê aquelas previsões do BP que todos citam mas que ninguém aplica. Pena foi que não soubesse com rigor o número de desempregados, quantas empresas abrem falência diariamente, os custos da corrupção e da economia informal, os gastos e o laxismo da burocracia do Estado, o excesso de assessores e nomeações políticas que oneram o orçamento e o mais que agora não se pode dizer. Porque fica mal, até num blogue.. Nem uma só ideia de valor estratégico para a nação. É certo que os jornalistas, escravos do tempo, e do modelo que foi um fiasco, com as luzes a piscar antes do tempo, também não ajudaram. Exceptuando os 100 licenciados para a Carris, que parece foi uma cunha que o Mexia dos transportes - meteu à empresa para aqueles estágios, tem que se trabalhar até aos 68 anos, baixam-se os impostos, baixa-se o peso do Estado e mais umas banalidades trazidas com a modernidade. Quem fosse um E.T. e aterrasse em Portugal para assistir aquele batalhão de luzes com a voz de Guedes de Carvalho a matraquear os portugueses, que mais parecia um pica-bilhetes da carris (se calhar amigo do Mexia, o tal dos estágios), ficaria estarrecido com tamanhas generalidades. Até a copiar as tecnologias e os formatos do estrangeiro, somos pequenos, muito pequenos. Tão pequenos que ninguém nos vê. Apenas notei uma diferença entre ambos, e que já era previsível. Sócrates, o consultor, jamais poderá virar a cara a um pobre. Estarei atento a essa caridade socialista, talvez na versão reformada do rendimento mínimo garantido. Com jeito, ainda é Paulo Pedroso que a irá (re)implementar. E merece, porque foi o seu autor. O que os pobres querem é um colo, ou seja, um subsídio mínimo garantido. Uma injecção ao ina-ni-mis-mo.. Saúde, educação, África e cooperação, língua portuguesa - zero. Atracção de investimentos estrangeiros de qualidade – nada. Nem uma dica do dr. Cadilhe se repetiu. A dada altura, parecia estar na rua dos Fanqueiros a ver aqueles manequins a desfilar diante dos meus olhos, com cáscois e boinas a esvoaçar. Animados por ventoinhas gigantes, para dar a sensação que aqueles corpos de pau pintado de cor de pele – tinham, de facto, energia e locomoção própria. Bonecos de pau animados por bombas de ar soprados mecanicamente. Foi assim que vi aquele festival de luzes fundidas, acendendo e apagando fora do tempo. O que se ouvia em abundância era a vox grossa do G. Carvalho, que parecia estar a chamar os cabos para a parada. Talvez fosse melhor ideia, de futuro, dar-lhe um cronómetro para as mãos para, assim, marcar a pole position. Não se vislumbrou uma única ideia para Portugal. É o marasmo total. Uns estágios para engenheiros e gestores, umas baixas nos impostos, umas sopas para os pobres dos Anjos, e muita palha, agora na versão biotecnológica da eutanásia, da clonagem e mais umas coisas relacionadas com uns mariquinhas pé-de-salsa poderem (ou não) adoptar meninos sem abrigo. Este foi o pior retrato político (e moral) de Portugal a que assisti depois do 25 de Abril. Depois, para agravar a situação, a SIC de Balsemão revelou um concurso telefónico da tanga, que mostrava que Santana tinha ganho o debate numa percentagem de 70%. Nem um call center de televendas de cosmésticos se prestaria a tamanha futilidade. Este frete lido pelo jornalista, - fez-me lembrar duas coisas: 1) a Quinta da Marinha e arredores respondeu à chamada do Tio Balsemão – fundador do partido - ligando intensamente para a estação. Calculo os telefonemas que as mesmas pessoas terão feito. Enfim, uns terão dinheiro para chamadas, outros não terão dinheiro para comer. É a vida… 2) um dia o Euzébio estava a fazer a divisão de duas equipas que teriam de se defrontar informalmente. E disse que 85% dos jogadores jogavam no sentido Norte-Sul, e os restantes 35% jogariam no sentido inverso… Portanto, temos aqui um Portugal novo. Um Portugal diferente, com muitos choques – tecnológico e de gestão (o do Portas não conta porque é demasiado fingido e hipócrita). Choques para inglês ver, num jogo semântico de fraco potencial analítico, como os livros do Carrilho, esse grande filósofo que será, ainda, candidato à Câmara de Lisboa. E, provavelmente, terá de disputar essa compita com o actual PM, entretanto derrotado em 20 de Fevereiro. Apesar da ajuda dos telefonemas dos jotinhas que querem garantir o tacho e subir a deputados, muitos sem saber ler… Em suma: do debate fiquei mesmo sem saber em quem votar. Pensei mesmo em ter de partir as duas pernas só para ter um óptimo pretexto para não o fazer. Contudo, houve uma inovação que, por certo, entrará no anedotário político nacional. E isso corresponde ao Portugal novo que desponta. Ao Portugal dos 120%.., e com as luzes a apagar & acender antes do tempo com a voz do pica-bilhetes a zumbir os portugueses.. Por amor de Deus..., mesmo para os agnósticos. Com percentagens assim, ainda vamos parar ao… guiness (pelo ridículo)
Image Hosted by ImageShack.us