quinta-feira

Cronos e a dromologia da política. O tempo global (e a vendetta) do porco

Cronos dévorant ses enfants, par Goya
Regresso à gripe dos suínos para tentar explicar a velocidade a que hoje os acontecimentos fluem e à cadência a que os decisores têm de planificar medidas políticas a fim de circunscrever os danos que da sua ausência resultariam para as populações no plano mundial.
Esta pandemia suína, que demanda do México, evoca-me Cronos que devorava as suas crianças. E apesar da analogia ser um pouco forçada, valerá a pena seguir nesse filão para perceber a dinâmica dos acontecimentos que hoje revelam que o que se passa num país não é indiferente ao que se passa noutro, e no próprio continente e, num plano mais vasto, como se a geografia sofresse uma hiper-contração, no mundo inteiro. Ou seja, hoje ninguém está a salvo de ser infectado por uma qualquer pandemia porque uma pessoa no México, na Holanda, na Suíça ou no Perú - contraíu o virús - que deixou de conhecer as fronteiras físicas e baralhou os dados da equação de fazer política, mormente, na área da planificação dos cuidados de saúde que ora é necessário ter com mais acuidade.
Portanto, a transmissão dos vírus ocorre hoje à velocidade da luz, ainda que a reacção das pessoas e das instituições não consiga acompanhar essa pedalada verdadeiramente infernal. Isso é provado com o nível de alerta mundial para cinco por parte da OMS, o que revela o largo alcance da pandemia.
Que já afectou 13 países, causando mortos em todos eles, e até os países ricos, brancos e hiper-desenvolvidos já acusaram baixas: EUA, Canadá, NZ, Alemanha, Escócia, RU, Áustria, Suíça, Holanda, Espanha... A coisa começa a ficar preta. Já anda tudo de máscara e luvas, parece até que o mundo se prepara para um assalto global à casa do vizinho neste risco permanente em que se transformou a aventura da vida.
É por isso que hoje todos os países devem activar os seus planos de preparação para combater essas pandemias, que é assim uma espécie de terrorismo dos suínos numa versão sofisticada do Triunfo dos Porcos de G. O. Esperemos, contudo, que provoque menos mortos do que a guerra civil espanhola.
Mas o meu ponto é outro, bem outro. Até porque ainda não estou de máscara e respiro sem reservas para comentar esta gripe dos suínos. Mas a ironia dos tempos não deixa de nos por de sobreaviso, porque depois das vacas loucas aparece este pandemia, até parece que alguns animais se entretém a brincar connosco como vendetta daquilo que fazemos por eles, que é matá-los e comê-los.
Tal como Cronos fazia às suas crianças, mas Cronos fazia esse massacre para não haver descendentes e, assim, conservar o poder absoluto, e sempre que vinha ao mundo uma crianaça o bom do Cronos se encarregava de o devorar, como retrata a imagem (supra) de Goya. Pois agora são os porcos, os porquinhos e os porcalhões que, simbólicamente, assumem essa função no plano global numa versão de globalização do porco ou de ditadura do suíno. Não deixa de ser curioso...
Mas a outra componente deste exercício meio filo-suíno remete para o essencial que pretendo sublinhar, e isso enquadra-nos para a ligação entre o tempo e a velocidade com os factos que hoje ocorrem e produzem danos nas comunidades de cada país e no mundo inteiro.
Esta contração (do tempo e espaço) revela que o tempo mundial é único, o presente é também único, deixou, por isso, de haver passado e futuro, porque esse tal ditador do tempo global solda todas essas pontas a uma velocidade cujo limite é a própria velocidade da luz que Albert Einstein teve a genialidade de compreender e de quantificar.
Por isso, esta gripe dos porquinhos vem revelar ao meu modesto oráculo uma coisa simples e comezinha: são eles os novos mensageiros da desgraça, estão sendo eles, os porcos, que chocaram com a barreira do tempo real, com a barreira da luz. Portanto, são os suínos que hoje, desgraçadamente - é certo! - protagonizam essa cosmologia do novo tempo histórico, por natura instantâneo, e que concorre com os 300.000 quilómetros por segundo da velocidade da luz. E quem pensava que o porco era lento tem aqui a prova do contrário.
O porco, ou melhor, os porcos têm hoje o planeta nas mãos, a sua categoria animal - por via da disseminação preocupante dessa virologia - representa a sua ubiquidade, que era um termo que eu apenas utilizava a Deus - por ser omnipresente, omnisciente e, diz-se, omnipotente. Mas se fosse teria evitado mais este problema planetário, por isso também posso presumir que Deus come, ou comeu, carne de porco. E se não aparece também pode (já) estar infectado...
Numa palavra: o porco, esse grande javardolas que nunca me inspirou confiança (até porque nunca olha de frente, pois a configuração dos abanos não deixa), ao invés do burro, do cão ou do cavalo, representa hoje uma ameaça pior do que a de Bin Laden que ainda está escondido nas montanhas do Afeganistão. Mas é o porco, este porco da virologia, que hoje exterminou o espaço e o tempo, obrigando pessoas e decisores a decidirem à pressa, a gastar recursos que poderiam ser investidos noutras áreas e com outros benefícios, ainda que nenhum bem exista superior ao da própria vida.
O porco (e a virologia de que é portador), esse animal andrajoso, assumiu, paradoxalmente, uma dimensão de velocidade que interfere com a nossa qualidade de vida e até com a nossa própria vida, nos casos-limite em que já morreram dezenas de pessoas por causa desse capricho de virús desconhecido.
Creio, portanto, que pela 1ª vez na vida o porco veio bater o record da luz dos tais trezentos mil quilómetros por segundo, o que é um acontecimento que ultrapassa o imaginável.
PS: Declaração de interesses - raramente como carne de porco
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Rachel Star..TILL THERE WAS YOU (JORDI LABANDA CHARACTERS)

Ciclope e Eviltoy no Papelustro. Recuperar U2

Ciclope, cit in Papelustro
Eviltoy, imagens picadas no blog Papelustro - que merece uma visita.
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The Ground Beneath Her Feet by U2 - OST.Million Dollar Hotel

Quando o tempo pára... A Alan Parsons Project

... Um dos nossos desejos seria fazer parar o tempo, como quem estaciona o carro ou arruma a mesa ou a cadeira. Porque quando o tempo pára, as coisas revelam a perfeição da sua essência, e acabam todas as aspirações porque se está para lá do desejo.
Alan Parsons Project "TIME"

Alan Parsons Project-Eye In The Sky

Nunca é tarde para dançar o Tango

Imagem picada na rede.
Nunca é tarde para dançar o Tango
No Dia Mundial da Dança, que se comemora esta quarta-feira, conhecemos um sénior, do outro lado do Atlântico, que com 86 anos mantém o hábito de dançar diariamente. Foi numa das ruas do El Caminito, no bairro de La Boca, na Argentina, que a jornalista Alexandra Nunes conheceu Osvaldo Damonte.(in TSF)
Obs: Numa 1ª leitura pensei tratar-se dum desafio à campanha de Ferreira leite, não só para valorizar a líder como também para tematizar a campanha às legislativas deste defunto antecipado em que o PSD há muito se transformou..
As eleições legislativas são apenas para formalizar o óbito (à actual direcção da Lapa).
Sarah Vaughan - Whatever Lola Wants

Os factóides da República planetária

Nota prévia Macro:
Os factos disponíveis para comentar não são factos, são factóides: é o sindicalista Palma recebido em Belém porque está em guerra com o PGR e pretende influir no caso Freeport para enterrar vivo o PM; é o perigo da gripe dos porquinhos à escala planetária. O mundo, de repente, parece ter acordado numa banheira repleta de trampa e todos falam o mesmo ao mesmo tempo. Já cheira mal. Não havendo factos de jeito para analisar, atiro-me ao polichinelo do Brad e da Jolie - que parece terem concluído que o seu ex-segurança, afinal, não era recomendável.
Agora quer ser escritor. Não me admiraria que convidasse algum sindicalista manhoso para escrever o prefácio, a um potencial livro - ainda mais manhoso.

Um dos advogados dos actores, considera que o segurança não é uma fonte confiável, tendo-o classificado como «um mentiroso patológico». Devido ao seu cadastro, Brett já terá sido impedido de entrar nos EUA e, recentemente, o casal terá descoberto que o segurança nunca terá sido militar, nem fez parte dos serviços secretos britânicos, ao contrário do que afirmava.
Enquanto isso, o advogado de Brett esclarece que o seu cliente foi contratado com base num acordo de confidencialidade, mas o próprio guarda-costas refuta o acordo. (..)

Casais adiam casamentos devido à greve

Casais adiam casamentos devido à greve, in CM
Susana Gonçalves e Vítor Gachineiro iam casar ontem pelo registo civil em Viana do Castelo e foram obrigados a adiar o casamento quando se confrontaram com a greve dos trabalhadores dos Registos e Notariado. "Vamos ter de cá voltar noutro dia", disseram os noivos.
Obs: Dantes antecipavam os casamentos por causa da gravidez prematura - com as noivas de barriga no altar da igreja sob censura pelo olhar severo dos padres.
É o que dá a porcaria das greves...
Ainda veremos greves de padres justificadas por impedimentos não confessáveis, ou seja, misteriosos.
Mudam-se os tempos...

quarta-feira

Cabine telefónica - um Thriller do caraças - por Joel Schumacher -

Cabine Telefónica
Realizador: Joel Schumacher Intérpretes: Colin Farrell, Kiefer Sutherland, Forest Whitaker, Radha Mitchell, Katie Holmes EUA, 2002 Apoiado num argumento engenhoso (por Larry Cohen), a narrativa dramática, de quase 90 min. - narra a história de um tipo metido numa cabine telefónica - que fica sob ameaça de um atirador furtivo. Tudo começa com a arrogância, com a falta de respeito pelo outro que, em inúmeros casos, pode ter custos pessoais e sociais enormes.

Vale, pois, a pena ver este "suspense" em que os mais argutos conseguem perceber a dinâmica da intriga que torna refém o publicitário arrogante e mentiroso - que utilizava esse métodos para atingir o sucesso.

É uma história que nos pode "bater à porta", por isso devemos estar atentos e tratar o "outro" sempre como um príncipe. Não tanto por causa do medo de retaliações futuras, mas porque essa é (ou devia ser) a nobreza da condição humana - cuja natureza não devia deixar espaço para a arrogância que tantas e tantas vezes conduz à violência - directa ou indirecta - entre os homens. Como diria João Paulo II, a violência começa sempre no coração dos homens.
Tudo em nome da verdade, embora o método justicialista para a atingir seja questionável. Mas não se fica indiferente a isto. Para a vida.

Gripe suína: a vingança dos porcos e as acções da Tamiflu. Ana Vieira e Naifa

No jogo das metáforas das pandemias do tempo que passa esperemos não vir a descobrir que a gripe suína é um sub-produto duma vendetta organizada e planificada pela categoria animal dos suínos. Se for é uma vingança terrível, percebemos haver animais racionais, como nós, humanos, que matamos sabendo que estamos a matar. Seria o triunfo dos porcos...

Outra nota de lana-caprina diz respeito ao famoso antiviral Tamiflu, um produto da empresa suíça Roche, que nestas ocasiões faz balúrdios com a comercialização massiva deste antiviral. E esta também é uma das ironias do destino, pois os produtores de suínos entram em falência, mas a Roche enriquece.

O que leva à equação do próprio conceito de desenvolvimento.

Diria, superficialmente, que estamos perante o triunfo ou o capricho dos porcos à escala planetária.

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Rodrigo Leão - Vida Tão Estranha - Évora

A Naifa - Monotone

A morada de Agostinho da Silva: o Ser e a Liberdade na casa mágica donde se avistava mundo na vadiagem do tempo que passou

Entre uma porta com um galaró e uma lápide há uma tonelada de filosofia, de mundo, de metafísica e o mais. De quando em vez é útil recuar no tempo, que também foi a nossa própria morada, anos a fio, para avançar no futuro, e esse corsi e ricorsi do tempo que passa também nos foi dado por Agostinho da Silva, graciosamente, mesmo quando denunciava o panteísmo de Pessoa, algum milenarismo, toneladas de franciscanismo, pois nem televisão tinha - tendo para ver os telejornais que bater na porta do lado - da Maria Violante com quem via as notícias. E por vezes não havia notícias, mas havia chá e torradas. E palavras a embrulhar tudo..
A tudo isso se somava uma genialidade na arte do pensar e uma bondade ilimitada, com um incomensurável amor pela Liberdade, o valor mais importante do Homem.
Agostinho foi uma pérola a cavalo dum diamante em direcção a um paraíso cuja morada ainda não nos foi completamente desvendada. E o problema é que quando a descobrirmos ou ficamos mudos ou, simplesmente, o egoísmo é tal que nada partilhamos.
Mas de nada valeriam essas portas e essas lápides se, o interior dos dias, [não] tivéssemos captado a essência do Ser - que casa bem com a Liberdade de que Agostinho falou, ensinou, partilhou, cultivou e promoveu...
Por vezes temos de recuar no tempo para comprar futuro. Nesse exercício defrontamo-nos com o presente que se esvai a todo o tempo. Nem os relógios lhe subsistem.
Depois nem a memória que temos deles.
Por fim, simplesmente, deixa de haver memória.
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  • Dedicada à memória de Agostinho da Silva, minha luz e meu amigo. Há dias assim, dias f......
    Vicente Amigo - tres notas para decir te quiero

Nova gripe é mistura de humana, aviária e suína, diz FAO

Cantor mexicano com máscara por causa da gripe suína. Epa
in TSF
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) assegurou, esta terça-feira, que as autoridades sanitárias mundiais estavam há cinco anos à espera de um surto de gripe das aves e finalmente chegou uma mistura de gripe humana, suína e aviária. A FAO decidiu ainda enviar especialistas em saúde animal para o México.
Em entrevista à agência espanhola EFE, o veterinário chefe da FA0 disse que se trata de um «vírus novo», com material genético do vírus da gripe humana, suína e aviária, pelo que os especialistas estão «no terreno» a estudar o vírus para obter mais informação sobre o potencial do surto.
«Trata-se de um tipo de vírus que tem uma grande capacidade para mudar», adiantou Joseph Domenech, acrescentando que, para já, não há respostas sobre o potencial alcance do vírus.
«O núcleo do problema está no México. É certo que nos últimos dias, parecia que avançava rápido, mas hoje parece que se deteve», comentou.
A FAO anunciou que esta semana irá enviar ao México um grupo de especialistas em saúde animal para ajudar o Governo mexicano a «avaliar a situação epidemiológica no sector da produção suína», disse.
Apesar das garantias de que comer carne de porco não representa qualquer risco, a FAO decidiu enviar, ainda esta semana, especialistas em saúde animal para o México, com vista a avaliar a situação no sector da produção suína.
Entretanto, na Cidade do México, as autoridades locais anunciaram, esta terça-feira, o encerramento de restaurantes, bares, cafés e discotecas, sendo que também a Federação Mexicana de Futebol impôs que todos os jogos passem a acontecer à porta fechada.
animais gripe gripe das aves gripe suína México OMS ONU porco Portugal Saúde
Obs: De tempos a tempos estas pandemias ou são maldades da natureza para fazer avançar os progressos da ciência e medicina ou servem para testar a solidariedade global através do denominador comum assente no medo. Seja como for, esta pandemia num País pequeno como Portugal seria uma catástrofe.
Começo a crer que se trata da vingança dos suínos no jogo da globalização dos porcos contra humanos: a uns matam-nos para o homem os comer; os outros que sobrevivem à matança não hesitam em exercer a sua vendetta sobre os carrascos. Chego até a pensar que os porcos (e porcas, porque aqui não há machismos) são animais racionais, como os seres humanos. Que também matam sabendo que estão matando.
O melhor mesmo é comer carne de avestruz, ainda que correndo o sério risco de ficarmos miseravelmente estúpidos e depenados, pois trata-se duma carne cara.
Para evitar "suinizar-me", ou aderir à estupidez da avestruz já embarquei na soja. Resta agora saber que mal ela tem...
Aguardemos pela pandora da soja.

E defeeeeende o MASSAGISTA!!!

Portas ainda sobe a ministro da Agricultura

Classificados, Donna Maria e Keane

Classificados - Um segredo fechado

Donna Maria - Quase Perfeito

Keane - Nothing In My Way (Esta é para o João Castro - em nome das "Áfricas", as nossas)

terça-feira

Ferreira Leite num "Governo de iniciativa presidencial" seria um desastre

A 1ª coisa que faria caso Sócrates tivesse de fazer uma coligação governamental pós-eleitoral com Ferreira Leite seria emigrar ou pedir asilo no corno d´África alegando que viver em Portugal seria sinónimo de turbulência política diária.
Nesse caso, que apenas admito em tese académica, até seria preferível uma coligação com um dos dois partidos dos extremos do sistema político nacional: ou com o CDS/PP ou com o PCP. Com aquele teria que se investir mais em submarinos e em segurança, e também em fotocópias (a avaliar pelo culto que Paulo Portas tem pelo equipamento quando foi titular da Defesa Nacional), com este mais em políticas sociais e combater a precariedade laboral e tirar ao empresariado para dar aos trabalhadores. Vendo bem, talvez até fosse preferível uma coligação com o PCP, o que seria uma novidade neste experimentalismo político ao cabo de 35 anos de democracia em Portugal, do que engrenar à força com este PSD.
Mas já admito que as coisas sejam diferentes com Passos Coelho na liderança... Enfim, é tudo uma caixa de pandora na casa da Aurora.
Digo isto porquê? Ferreira leite e o actual PSD dizem uma coisa num dia e o seu oposto no outro. É assim em matéria das principais políticas públicas: segurança social (cuja reforma foi feita pelo actual governo, talvez a mais importante da legislatura que ora finda), investimentos públicos, segurança, ambiente e energias renováveis. Não existe em Ferreira Leite um eixo estruturante com base no qual a sociedade veja racionalidade, oportunidade ou sentido de Estado, tudo alí é errático, conjuntural, zigue-zagueante. Até mesmo as entrevistas que Leite dá têm de ser corrigidas minutos depois pela própria - a fim de precisar termos ou conteúdos, contrariar o que disse, desmistificar ou mesmo corrigir algo que disse mas que, afinal, não pretendia dizer. É assim Ferreira Leite - uma multidão de contradições, um desnorte pegado.
Não é certamente por maldade, apenas por uma natural incapacidade de compreender sectorialmente as coisas da governação e uma terrível falta de vocação para a política. No fundo, Leite é o maior embuste do cavaquismo, depois de Santana Lopes.
A sua grande vantagem é beneficiar do seu grande amigo de Belém, que por acaso ocupa "só" o vértice do Estado, e que na sombra dos dias e na cinza das horas lhe vai dando as dicas, o guião e o roteiro que ela deverá seguir nos tempos mais próximos para não se estampar contra uma muralha d' aço. Isto tem sido tanto assim que no passado recente Leite até se esquece que deve manter reserva dessa ajuda de Belém, e como é desbocada e não tem sentido de Estado - era costume a srª Ferreira ir para os media antecipar a agenda do PR. Até que chegou o dia em que algum assessor de Belém lá lhe terá dito: ó Manuela as conversas privadas com o sr. professor Aníbal devem ficar no segredo dos deuses..., e ela lá corrigiu a rota e mantém o low profile. Mas a custo.
Mas compreendo a razão pela qual Leite tem cometido esses dislates pondo a nú a própria agenda presidencial. Seguramente não é por maldade ou pura vontade de fazer intriga palaciana a partir da vox extensiva de Belém, tal decorre do facto de Leite não ter nada para dizer ao País, e aquilo que ocorre debitar são as conversas privadas com o PR.
Por ocasião do dia comemorativo do 25 de Abril o PR deixou uma mensagem que aponta para a necessidade de os principais partidos do arco da governação - PS e PSD - terem de se entender a fim de não comprometer a necessidade de prosseguir as reformas que o Governo tem vindo a seguir. Cavaco foi esperto e, mais uma vez, deu uma mãozinha à sua pobre discípula, Ferreira leite, apontando-lhe o caminho. Ou seja, Cavaco sabe duas coisas de ciência certa: 1) Sócrates pode não conseguir obter a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas; 2) e Ferreira Leite tem tantas chances de ganhar eleições e governar Portugal como o meu avô tinha de bater em prova de Fórmula1 o saudoso Ayrton de Sena.
Cavaco sabe isso, e a fórmula que encontrou para, por um lado, assegurar a onda de modernização reformista de que Portugal precisa e, por outro, ajudar Ferreira Leite a ser alguém na política - foi aquela mensagem táctica mas com alcance estratégico por ocasião da comemoração do dia de Abril.
No fundo, como Cavaco já não pode dissolver o Governo (e mesmo que o fizesse também não daria garantias ao PSD de que ganharia as eleições) nem pode fazer governos de iniciativa presidencial - como no passado fez Eanes, apresenta esta fórmula mais suave que visa engajar o velho bloco central na modernização do País metendo, ao mesmo tempo, a sua amiga Ferreira Leite no governo com duas ou três pastas. Se tal cenário se vier a traduzir em realidade - esperemos que Ferreira Leite não fique nem com a pasta da Educação - que escavacou - nem com a pasta das Finanças - que sufucou o empresariado.
Tudo isto é muito bonito, Cavaco revelou inteligência política na redação daquele discurso de compromisso ao estilo de Joaquim Aguiar, mas esquece-se dum pequeno grande detalhe (e deus e o diabo estão nos detalhes)...
Leite não tem a mínima ideia do que é a governação, em 10 meses de gestão interina do PSD não conseguiu a presentar uma única ideia estruturante ao País, faz da quezília e do bota-a-baixo o seu método de fazer oposição, não tem visão, liderança, estratégia nem identidade no PSD - que é uma espécie de albergue espanhol - onde reina uma confusão congénita, e que a sua direcção só veio agravar nos últimos meses.
Numa palavra, diria o seguinte: o discurso de Cavaco foi muito bonito, mas irrealista e impraticável por uma simples razão: qualquer acordo, coligação ou aliança com o actual PSD, privado de tudo, até de bom senso (como se viu por aquela bernarda no American Club em que a dita Manuela desejava suspender a democracia por seis meses a fim de empreender as reformas em Portugal) estaria, à priori, votada ao fracasso.
E a ser assim seria preferível que o governo em funções caísse até se encontrar uma fórmula de governação mais condizente com a estabilidade política e os verdadeiros interesses de Portugal neste turbulento contexto de globalização competitiva altamente exigente.

Santana disponível para “soluções de governo

Pedro Santana Lopes garante que irá fazer uma campanha eleitoral com “elegância, in CM.
Imagem picada no Jumento. Não se sabe se Santana está a mudar a água às azeitonas, faz uma sessão de brainstorming ou apenas responde ao chamamento de Durão quando num famoso congresso do PSD (em que Santana saíu derrotado) lhe chamou um misto de Zandinga com Gabriel Alves.
Pedro Santana Lopes está disponível para encontrar "soluções de governo" caso o próximo executivo da Câmara de Lisboa não possua maioria absoluta. Para já, o candidato da coligação PSD/CDS-PP não quer pensar nesse cenário, porque está a "trabalhar para ganhar". Mas em resposta ao apelo do Presidente da República o social-democrata assegura estar "sempre disponível para soluções positivas. (...)
Obs: Duvido que, apesar da imensa disponibilidade de santana para conquistar apoios, consiga seduzir um carapau na Praça da Ribeira. Os lisboetas já o conhecem, e os portugueses em geral também. Em Lisboa deixou um buraco financeiro de susto, lavrou caos urbanístico e teceu as condições propícias à corrupção na autarquia.
Santana é, pois, um mau político, um péssimo gestor e um grande, grande demagogo cuja energia tem sido canalizada para fazer comícios e incendiar as massas, eis a sua especialidade. Até quando se propôs ser docente à cadeira de Direito Comunitário na Universidade Lusíada na década de 80 - foi incapaz de aparecer duas vezes seguidas, tal a irresponsabilidade. Foi a 1ª vez para nunca mais lá pôr os pés - deixando os alunos pendurados. Hoje percebo a sorte que os alunos tiveram com aquela ausência.
Desde a década de 80 que tenho má impressão de Santana. Com o passar dos essa impressão agravou-se e, hoje, seria incapaz de o apontar para governar o que quer que fosse, nem a Junta de Freguesia das Olaias.
Uma última nota para recordar que nas últimas legislativas Sanatana recorreu ao insulto pessoal para tentar assassinar o carácter de Sócrates, chegando até a dizer que ele queria era colo - sugerindo que o então concorrente a S. Bento era homosexual.
Santana teve azar, perdeu miseravelmente as legislativas. Agora, para se penitenciar, demonstrando que aprendeu a lição, lá vem dizer que pretende fazer campanha com "elegância"..
Veremos o que chama a António Costa...
Na certeza de que os lisboetas já o cunharam: demagogo e populista.

Vitorino Magalhães Godinho: um nome a recuperar, uma referência a revalidar

Hoje tive dificuldade em reter algumas ideias daquilo que dona Fátima campos Ferreira designou Pensar Portugal.
O meu televisor é velho, já tem quase os anos de Abril e só por afecto ainda não foi para a reciclagem. Às segundas, quartas e sextas apresenta imagem mas priva-me de som; nos restantes dias dá-me som mas priva-me da imagem. Acho que faz de propósito só para testar a minha paciência e cumplicidade, "maneiras" que por vezes não consigo perceber tudo e fico lerdinho, ou lé-lé da cuca...
Mas o que mais me impressiona não foi ver o dr. Mário Soares repetir a palavra neoliberalismo e crise vezes sem conta ensaindo a sistematização da Guerra Fria documentada magistralmente por Raymond Aron no Paz e Guerra, mas foi constatar o seu capital genético que faz com que ele não envelheça. Ou envelhecendo, envelhece mais lentamente do que o comum dos mortais, o que é uma garantia adicional para a nossa República, pois trata-se do pai-fundador do regime democrático - que depois impediu a deriva totalitária desejada pelo PCP de Cunhal. Por isso, está de parabéns, além de ser sempre útil ouvir a sua consciência crítica e perceber que, na política, não entram os negócios.
Anacoreta Correia disse umas verdades verdadinhas que talvez mereçam meditação, em particular a dicotomia que as democracias de opinião carregam quando se confrontam com dois valores contraditórios: a notoriedade vs qualidade das decisões. Fez também um distinto curioso entre política (ideia de serviço à comunidade) e poder (instrumento de satisfação de ambições pessoais sem relação ao bem comum) que só lhe ficou bem.
E hoje não há gato sapato que não vá para a tv dizer banalidades, o que também não ajuda à formação das boas decisões de que dependem milhares de pessoas. Isto não significa secundarizar os partidos, antes implica um esforço para requalificar a democracia e o sistema de partidos, e Cavaco - no seu discurso do 25 de Abril - ao sugerir que os dois partidos do arco da governação deverão entender-se nas principais reformas a empreender - está a induzir uma planificação, pela positiva, geradora da requalificação da democracia e, indirectamente, a responsabilizar os partidos políticos nessa tarefa de reconstrução da democracia política, social e económica em Portugal.
Afinal, Cavaco diz coisas importantes, não se atém apenas ao Estatuto dos Açores...
Até porque a democracia sem partidos seria mais pobre, e não havendo competição política através dos partidos, o mercado das ideias esfumar-se-ía, e depois teríamos de ouvir os comentários monólogados da dona Fátima do Prós & Contras, o que seria bem pior.
Quanto ao historiador Vitorino Magalhães Godinho, a quem terei de regressar, deixa-nos um conjunto de desafios e de ideias por valorizar. Designadamente em matéria de cultura e história e identidades. Pois é difícil que deixemos comandar a nossa língua apenas porque o inglês se impôs mundialmente.
Depois a ideia do primado da economia e do lucro sobre a organização da sociedade, do saber, dos projectos sociais e de toda a agenda de investigação científica - pura e aplicada - é, no entender deste grande historiador por quem aprendi umas coisas no Liceu, algo que tem de ser revisto.
Quem poderia fazer uma reflexão autorizada sobre Vitorino Magalhães Godinho era o José Adelino Maltez. Talvez ele considere essa possibilidade e partilhe connosco uma sistematização do pensamento daquele grande historiador que hoje foi relembrado no dito programa.
Só por isso já valeu a pena vê-lo, ainda que sem som, porque às segundas só tenho direito à imagem.

Ao António Manso Pinheiro, ex-director da Editorial Estampa

Ao António Manso Pinheiro
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Quanto a Nun’Álvares, a sua avidez e ganância são atestadas por numerosos incidentes, conflitos e reclamações. Assim, por exemplo, quando D. João I lhe doou os direitos de Almada, Nun’Álvares achou pouco e tomou conta, por sua iniciativa e abuso (sancionado depois com uma demanda) dos esteiros de Arrentela e Corroios. Os seus rendimentos provenientes das doações feitas por D. João I foram avaliados em 16.000 dobras cruzadas. Mais de uma vez, quando resistiam à sua desmedida ganância e à dos seus apaniguados, Nun’Álvares ameaçava… abandonar. Lutar, lutava. Mas mais bem pago que o rei. Assim Nun’Álvares se tornou senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor-o-novo e Portel e ainda Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e muitos e muitos outros reguengos e muitas e muitas outras rendas de muitos e muitos lugares. É de um homem destes que a Igreja Catolica fez um Santo, erguendo-lhe uma igreja em Lisboa aonde os pobres vão orar-lhe e pedir-lhe a sua intervenção junto de Deus…”
Álvaro Cunhal, “As Lutas de Classes em Portugal nos Fins da Idade Média”, ed. Estampa, 1975
Obs: Mão amiga faz-me chegar este fragmento duma obra de Cunhal, que também foi escritor, historiador, pintor. Embora não comungando com a matriz marxista que Cunhal faz da dinâmica histórica e dos processos políticos, admito que este fragmento encerre uma tonelada de verdade, pois entre a imagem pública que certos homens de Estado dão de si e a sua imagem na relação privada vai uma distância terrível.
Lembro-me dum ex-ministro de Salazar que transitou e sobreviveu à democracia - que na esfera pública parece um papa, até cita as encíclicas, Pierre Teillard de Chardin, mas na relação mais privada é um tipo "velhaco como as cobras" denunciando uma outra faceta mais escondida da sua personalidade.
Ainda se arrasta por aí... Isto ocorre com inúmeras pessoas, sejam ou não personalidades políticas, é um retrato da ambivalência da miserável condição humana a que, felizmente, muitas pessoas escapam por serem íntegras e estruturalmente boas.
Mas a oportunidade deste comentário meio sacana, serve, na essência, para evocar um homem de cultura, sincero, delicado, sensível e extremamente inteligente com quem tive o privilégio de privar e ser amigo: o ex-director da Editorial Estampa que partiu em 2007.
Por isso estas notas vão direitinhas para o António Manso Pinheiro - de quem guardo a melhor da saudade.
Não estou certo que não as possa ler, dada a incerteza do que está para lá do fio ténue da vida.

segunda-feira

Notas Soltas - por António Vitorino: "hà mais País para além da crise"...

Há mais País para além da crise - foi a frase que melhor retive hoje dos comentários de António Vitorino no Notas Soltas da RTP.

De facto, PS e PSD têm que fazer um esforço suplementar para se diferenciar um do outro, embora o actual PSD seja atípico e não se pareça com nada (ou melhor, é a cara da líder que tem), dado que quando está no poder defende e promove uma política activa de investimentos e de obras públicas, e, agora, porque estamos em recessão e o PSD está na oposição (ou é a liderança do PSD que agrava a recessão e aumenta a crise de confiança..) está contra, com Paulo Rangel no hemiciclo a defender o "Nim", i.é, a quadratura do círculo para encaixilar as contradições de Ferreira leite.
Relativamente aos recados de Belém para S. Bento e vice-versa, só quem não sabe o que é a política, muita ligada à representação e aos jogos florentinos que encontram tradução na lógica discursiva, é que pode tirar razão ao analista - com a finalidade de seguirmos as pontes institucionais lançadas pelo discurso de Jaime Gama no dia 25 de Abril. Pois que venham elas, até porque os homens sempre fizeram mais e melhor quando cooperavam do que quando conflituam. Somam e não dividem.
Portanto, Cavaco deu à ignição mas não chamou os "bois pelos nomes", não quis assumir a despesa política dessas hostilidades; e S. Bento, assobiou ao cochicho, como diria Marcelo. E fizeram ambos muito bem, porque o pior que poderia suceder a Portugal seria alimentar uma birra de palavras entre o PR e o PM por questões menores num ano hiper-eleitoral.
E é nesta óptica que as palavras de António Vitorino fazem sentido, desafiando os partidos do arco da governação a inovarem nos programas eleitorais, nos discursos e nas propostas políticas para combater a crise.
Relativamente ao discurso de Cavaco no dia 25 de Abril - o apelo que Belém faz à participação cívica só pode resultar do receio - infelizmente (fundado) - da abstenção (se tiver sol ainda pior); por outro lado, o desafio que o PR lança ao PS e PSD para se entenderem nas reformas das principais políticas públicas a empreender após as Legislativas - é um reconhecimento implícito de que não havendo maioria absoluta por parte do PS - Portugal não pode ficar ingovernável, daí que Cavaco (e bem!) - não sendo inovador, acabou por ser prudente, realista e planificador.
Até porque ninguém como ele conhece bem o valor da estabilidade política - que foi tantas vezes abalada pelas fúrias de Belém, que então tinha como locatário Mário Soares.
De facto, deve haver mais Portugal além da crise.
PS: Confesso que me surpreendeu ver Judite de Sousa - que é indiscutivelmente uma boa profissional, uma jornalista competente que procura fazer sempre bem o seu TPC, melhor do que Seara como autarca em Sintra (passe a analogia), procurasse obter um certificado de absolvição das palavras de António Vitorino tendo por referência a sua própria prestação na entrevista ao PM.
Nessa entrevista qualquer amblíope teria notado duas coisas: que Sócrates é hoje um homem acossado, e qualquer um de nós sê-lo-ía se vivesse nessas condições de elevada pressão "freeportiana", a não ser que tenha tinta-da-china nas veias ou seja um "xoninhas"; e que Judite de Sousa repetiu vezes sem conta as mesmas perguntas e perdeu demasiado tempo com o Freeport.
Tempo, energia e recursos que faltaram depois para inquirir o PM sobre os verdadeiros problemas sociais e económicos que afectam hoje o País.
Fiquei com a sensação que Judite de Sousa interiorizou a ideia de que o analista António Vitorino tinha bulas papais no bolso e que tem uma hot-line directamente ligada ao Vaticano para absolver a jornalista dum quadro de tensão que, aliás, foi recíproco e, em boa medida, se explica pela conjuntura difícil e pelas tentativas de assassinato político que o PM tem vindo a ser objecto há 3 meses consecutivos.
O que não mata, engorda...

"Um porreiro pá" - à norte-americana. El Camino del Rey. Homens voadores

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Desculpa Bill, prefiro beijar meu novo chefe!
El Camino del Rey [High Quality]

Homens Voadores [link]

domingo

Os poderes do regime e a anamorfose cultural. Evocação de Jacques Lacan. Croniquetas da República

Os Embaixadores de Hans Holbein, 1533
Por ocasião da comemoração do 25 de Abril, agora já em idade adulta, a dupla de conveniência Pedro & Portas lançam a sua candidatura autárquica a Lisboa. Pensam, assim, que se apropriam do dia simbólico da democracia e da liberdade para meter um turbo na sua negociata política e valorizar a cidade. A realidade, infelizmente, diz-nos o contrário: um défice monstruoso que arruinou a autarquia, o caos urbanístico com projectos encalhados e outras magalomanias e um caldo de cultura propício à corrupção na cidade. Desse contraste entre o que Santana lopes proclama e os factos resulta uma distância entre o Areeiro e Vladivostok, mas Santana já não sabe o que há-de fazer ao tempo nem ao espaço (por isso, anda por aí) - e atira-se a Lisboa como gato a bofe - que converteu numa péssima gestão - antes de escavacar o Governo a que presidiu da forma mais canhestra e impreparada possíveis. Numa palavra: Santana & Portas em Lisboa representam a língua do furacão.
Paulo Rangel - para retribuir a gratidão à sua madrinha política procura tudo fazer e dizer para reconhecer esse baptismo a Ferreira Leite - que o escolheu para a Europa contra boa parte da direcção do seu próprio partido. Mas o melífluo Rangel vai mais longe na asneira, e joga para o caixote do lixo da história decisões de Durão barroso, como o TGV e o aeroporto internacional de Lisboa (que ele meteu na gaveta por falta de arcaboiço político e por já estar a pensar no seu tachinho na Comissão Europeia). Que são duas infra-estruturas que além de alavancar a economia do País também o modernizam aproximando-o mais da rede de comunicações europeia. Rangel, no fundo, quer mandar os investimentos públicos às malvas, fazendo o frete a Ferreira leite, e ao dizer que se tratam de decisões governamentais de última hora é trair a memória e ser hipócrita, pois ele já se esqueceu da decisão dos sobreiros da Portucale no Ribatejo - e de muitas outras nomeações e saneamentos feitos por Bagão Félix a 24horas do incompetente Governo Santana ser demitido por Sampaio?!
Rangel tem memória de passarinho...
Rangel aproveita o dia de Abril para fazer pura chicana política, e sendo um jurista qualificado e um homem inteligente comporta-se como o 2º António Preto da Ferreira leite, ou seja, de forma inqualificável porque mistura alhos com bugalhos apenas para extrair um resultado político mediático dessa propaganda partidocrática de que é parte activa no próprio dia da democracia e da liberdade (que acaba por utilizar mal). Rangel, em rigor, padece do mal que diagnosticou ao País: claustrofobia, além de hipócrita e trapalhão...
Ao proclamar a necessidade de os portugueses irem votar nos três actos eleitorais que temos pela frente, e de nenhuma coisa de essencial ou novidade dizer à nação, o Presidente da República está cada vez mais parecido com o Américo Tomáz - que se notabilizou por dizer "banalidades" e sempre que inaugurava algo dizia: esta é a primeira vez desde a última que eu cá estive.
Depois cortava a fita e arrecadava a palmaria do regime... Cavaco faz isso, mas em democracia.
Confesso que esperava mais de Belém, que anda a fazer oposição ao Governo de forma mascarada e com uma dupla finalidade: eleger-se no 2º mandato; e ajudar a sua pobre discípula, Ferreira leite a ser derrotada por Sócrates nas Legislativas com alguma dignidade.
Santana-Portas,-Rangel-e-Cavaco parecem, doravante, e estranhamente, terem algo em comum: a oposição ao Governo. E tudo fazem para o enfraquecer.
Ora, o quadro (supra) pintado por Hans Holbein - representa dois protagonistas da corte de Henrique VIII, com uma mancha longitudinal na base inferior e que - observada do ângulo superior direito, emerge como sendo uma caveira. Eis o exemplo de representação anamórfica que depois é utilizada por Jacques Lacan para ilustrar a relação entre a imagem do eu formada pelo sujeiro (ou seja, a imagem que Santana tem dele próprio...) e a imagem do sujeito observada pela sociedade. E Santana, manifestamente, não tem espelho (político) em casa...
E o mais curioso - é que esta análise poderia ser, por razões naturais e atendíveis, aplicada ao próprio Governo, pelo desgaste do exercício do poder destes 4 anos de governação difícil, mas, curiosamente, a metáfora da caveira aplica-se melhor à oposição - e sua extensão a Belém - do que ao poder Executivo em funções.
Isto é fundamentado pelas intenções de voto que as populações ainda depositam no actual Governo, e pelo descrédito a que é votada a oposição de que a anedota-mor é a própria candidatura de Santana lopes à capital.
Que personifica a caveira retratada pelo quadro de Os Embaixadores de Hans Holbein.

Inominado

Cafe Del Mar Vol 13 (best chill out music)

Wonderful Chill out music

sábado

A Paixão e a Democracia. Recordar Nabokov. Evocação de Rómulo de Carvalho

No romance Lolita, do russo Vladimir Nabokov, a paixão nasce porque o professor de poesia francesa, Humbert, se apaixona por uma rapariguinha de doze anos. Não se consegue fazer amar por ela, que o vê como demasiado adulto, além de Lolita estar apaixonada por outro homem com quem foge. Humbert só reencontra Lolita anos depois, envelhecida, grávida e apercebe-se que continua a amá-la, que a teria amado sempre.
Mas Lolita está destruída pelo grande amor que, afinal, a desiludiu, pelo homem que "destruiu" o seu coração. Mesmo assim Humbert deixa-lhe um pouco de dinheiro que ainda tem e decide matar quem destruiu a vida a Lolita (privando também a sua felicidade com ela).
A história que a princípio parece um acontecimento psico-erótico normal, revela-se uma paixão destruidora e revolucionária para ambos. E que, para ambos, falha.
O pior que poderia suceder à forma como "regamos, podamos e cultivamos" a nossa democracia, que hoje comemora os seus 35 anos de Liberdade, seria fingir que em democracia - tal como nas relações interpessoais - a possibilidade do "acidente" não existe. De facto, existe e está sempre latente na consciência de todos nós.
Por uma razão simples: somos humanos, por trás das instituições estão homens sempre dispostos a iludir e a desiludir, e isso poder "matar" a democracia e danificar a liberdade...
Liberdade e democracia exigem, portanto, vigilância permanente. É como fazer alpinismo, ao mínimo descuido...
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Pedra Filosofal

Dubai Chill House Grooves

Recuperar Barry White é oxigenar o próprio Oxigénio. The Voice

Barry White - Can't Get Enough Of Your Love Baby.

Barry White - Let The Music Play

Evocação de Dot Parker. "One Perfect Rose"..

Oh, life is a glorious cycle of song,
A medley of extemporanea;
And love is a thing that can never go wrong;
And I am Marie of Romania.
Dorothy Parker, Not So Deep as a Well (1937), "Comment" US author, humorist, poet, & wit (1893 - 1967)
Dorothy Parker "One Perfect Rose" Poem animation

Paula Teixeira a Cuz já conhece bem a "peça" de Santana lopes

Paula Teixeira da Cruz diz que coligação vai encostar PSD à direita
Paula Teixeira da Cruz insistiu, esta quinta-feira, em declarações à TSF, que uma coligação com o CDS-PP vai encostar o PSD à direita. Para a social-democrata, o que interessa é que ganhe o melhor candidato para Lisboa, seja qual for o partido.
Paula Teixeira da Cruz, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, mostra-se contra a coligação do PSD com partidos de direita. Paula Teixeira da Cruz diz que o PSD devia posicionar-se de forma diferente tendo em conta a actual conjuntura Paula Teixeira da Cruz afirma o mais importante é quem resolve os problemas da cidade e não quem vence as eleições
Na véspera da apresentação oficial da candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa e um dia depois de ter sido confirmada oficialmente a coligação a quatro entre PSD, CDS-PP, MPT e PPM, Paula Teixeira da Cruz afirmou que esta coligação vai colar o PSD à direita.
«Entendo que o PSD é um partido de centro», logo, «qualquer coligação à direita acabará por diminuir a margem» do partido, disse a actual presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, eleita pelo PSD, frisando que a colocação em causa trata-se de «um problema de princípio, de valores e de objectivos».
Para a antiga vice-presidente do PSD, durante a presidência de Marques Mendes, o partido «deveria ter um posicionamento que fosse dele próprio», sobretudo na actual situação de crise, em que muitas pessoas da classe média pedem ajuda ao Banco Alimentar em Lisboa.
Questionada sobre se acredita na coligação de direita, Paula Teixeira da Cruz afirmou que mais importante do que «quem ganha ou quem perde» nas eleições é «quem resolve o problema dos cidadãos de Lisboa».
A social-democrata afirmou ainda que não se revê na candidatura de Pedro Santana Lopes.
Autarquias Autárquicas câmara lisboa CDS-PP CML Lisboa Política Portugal PSD Santana Lopes
Obs: Digamos que Paula Teixeira da Cruz é uma mulher inteligente e não vai em golpadas. A golpada do Santana Lopes, evidentemente...
Só o facto de Lopes se candidatar a Lisboa, novamente, é um insulto a todos e a cada um dos munícipes de Lisboa.
A autarquia não é própriamente o casino de Las Vegas..., e a roleta russa não é própriamente uma especialidade útil à resolução dos problemas da capital.

Capa do Expresso: Smith diz que mentiu sobre Sócrates

sexta-feira

Modernices do índio

TEMPOS MODERNOS
Um índio foi ao cartório para solicitar mudança de nome.
O escrivão perguntou:
- Qual é seu nome?
- Grande Nuvem Azul Que Leva Mensagem Para o Mundo.
- E como quer se chamar agora?
- E-Mail.

Política ocidental na comemoração dos 35 anos da Democracia em Portugal

Estamos na véspera de comemorar os 35 de anos de Liberdade e Democracia em Portugal. O significado político e simbólico da Revolução dos Cravos no rectângulo - que manteve um Império (do qual fomos a última potência colonial a retirar) é tremenda e não se pode resumir em duas palavras. Mas talvez convinha sublinhar uma ideia simples, que remete ao legado socrático de Atenas, berço da Democracia - onde tudo começou. E esse legado decorre da ideia de Política no seu sentido mais nobre, da de Roma e da Grécia (mitigando Direito e Filosofia), de que resulta uma suposta sabedoria.
Uma sabedoria que decorre de uma concorrência livremente aceite de interesses e opiniões dentro da sociedade. E é aqui que bate o ponto - que vai entroncar com a data que amanhã Portugal e os portugueses irão comemorar: o dia da Liberdade e da Democracia. Sendo certo que a política ocidental distingue-se de outras formas de ordem social pelo desenvolvimento da tese de que, para além da harmonia que resulta de todos saberem qual é o seu lugar na sociedade civil (e na sociedade política/Estado) existe uma outra harmonia na qual os conflitos são resolvidos através da discussão livre (mas responsável) e da aceitação plena dos resultados, sejam eles quais forem.
É esta Liberdade e Democracia (que são indissociáveis, até no plano económico) que recria no nosso imaginário colectivo uma energia suplementar para identificarmos novas fórmulas políticas que nos ajudem a sair da crise em que mergulhámos.
Havendo Liberdade e Democracia, parece que agora só falta verdadeiramente o modelo de desenvolvimento económico sustentável que nos falta para reganhar o capital de confiança para reentrarmos novamente no ciclo do crescimento, da modernização, do progresso e do desenvolvimento.
É, portanto, nesta perspectiva integrada que podemos (e devemos) equacionar a comemoração dos 35 anos de Democracia em Portugal - que não deixa de ser o menos mau dos sistemas, como diria Winston Churchill - e que, por isso, carece de aperfeiçoamentos e aprofundamentos permanentes.

Significados - por António Vitorino -

  • Os referenciais históricos invocados variam cada vez mais em função da memória individual de cada um, in DN
    A Constituição Portuguesa consagra a idade mínima de trinta e cinco anos para se poder ser candidato a Presidente da República. Significa isto que, a partir do corrente ano, pode aspirar à suprema magistratura do País um português ou uma portuguesa que nasceu com o 25 de Abril de 1974
    .
    Atinge assim a plenitude dos direitos democráticos a primeira geração de portugueses integralmente formada no nosso regime democrático.
    Com o passar dos anos a comemoração do 25 de Abril foi-se tornando num ritual muito condicionado pelos temas do momento e pelas circunstâncias mais imediatas da nossa vida colectiva. Daí não tem que decorrer forçosamente a banalização do facto histórico em si mesmo considerado um acontecimento que pôs termo ao mais longo regime autoritário da Europa Ocidental. Mas torna-se hoje evidente que os referenciais históricos invocados variam cada vez mais em função da memória individual de cada um.
    Por isso, não surpreende que nesta data uns se revejam no acto libertador com a consciência ainda viva dos tempos anteriores à revolução, enquanto para outros a vivência em liberdade e em democracia seja tão natural como o ar que respiram.
    A vida política portuguesa foi suficientemente rica e também atribulada nestes trinta e cinco anos para que daquela data histórica se tenha uma visão única ou até uniforme. De igual modo os afectos, as emoções e as esperanças envolvidas pela invocação do 25 de Abril são muito diversificados na sociedade portuguesa actual.
    Com o distanciamento de uma geração de permeio, o 25 de Abril permitiu aos portugueses assistirem à queda do salazarismo, ao fim do regime colonial e à entrada na Europa comunitária, bem como à implosão do bloco comunista e à revolução tecnológica associada ao processo de globalização.
    O acumulado desta sucessão de acontecimentos torna ainda mais obsoleta a imagem do Portugal antes de Abril tão bem retratada na série televisiva que a RTP passa aos domingos à noite. Entre aqueles que ainda guardam uma recordação viva desses tempos nas suas próprias vivências e os que pela primeira vez contactam com uma realidade quotidiana que seguramente pensam muito mais distante do que o curto período histórico de trinta e cinco anos faria supor, o País tornado possível com o 25 de Abril gera naturalmente sentimentos e reacções muito diversificadas e até por vezes contraditórias.
    Mas a distância dos acontecimentos permite avaliar melhor o que foi e continua a ser o legado dessa viragem histórica tornada possível pelo Movimento dos Capitães.
    Claro que as esperanças desiludidas, as expectativas goradas, as agruras da crise presente deixam em muitos o travo amargo de alguma decepção e até frustração. Mas o enraizamento da liberdade e a vivência democrática, para além das insuficiências, das imperfeições, dos defeitos e das perversões do regime edificado nestes trinta e cinco anos, constituem o grande referencial fundamental da que ficou mundialmente conhecida como a Revolução dos Cravos.
    Os que viveram os tempos conturbados do processo revolucionário de 1974/75, os dramas humanos da descolonização, os exaltantes combates políticos e ideológicos dos primeiros anos da nossa democracia e a almejada entrada nas Comunidades Europeias em 1986 depois de longos oito anos de negociações, sabem bem o que para eles significou o golpe dos capitães, as forças e as tensões que libertou, os caminhos que abriu.
    Por contraste, aqueles que nasceram e cresceram já em democracia têm uma visão menos comprometida do significado histórico do dia 25 de Abril, tal é a naturalidade com que desfrutam da liberdade de expressão e de associação, do pluralismo democrático, da vivência no espaço alargado europeu. Mas essa aparente banalização da data histórica será provavelmente a melhor homenagem que se pode prestar todos os dias ao que o 25 de Abril significou para todos os portugueses. Para os portugueses de hoje e para as gerações vindouras.
    Obs: António Vitorino deixa-nos aqui uma leitura cruzada dessa transição do "antes" para o "depois". E nessa trajectória, creio que existem três grupos ou categorias de pessoas que pensam ou racionalizam o 25 de Abril de forma algo controversa: 1) os amantes e saudosistas do passado, em boa medida nutridos pela glória e grandeza do Império que já não há (uma minoria); 2) os optimistas que viram na Democracia, no Desenvolvimento e na Descolonização (3Ds)- o caminho para a Liberdade (a maioria); 3) e as novas gerações que ainda não conseguiram extrair dessa Liberdade e desse Desenvolvimento os seus verdadeiros benefícios e potencialidades para construir o futuro.
    E é aqui que as gerações vindouras, que o António sublinha e conclui a sua reflexão, estão preocupadas porque esta conjuntura económica (mundial, europeia e nacional) parece funcionar como a mais vil das ditaduras.
    Neste quadro em que vivemos, que é de aperto, o 25 de Abril deverá servir para os políticos - e demais agentes sociais e económicos de Portugal - inovarem e inventarem soluções para sairmos deste colete-de-forças em que contrariados entrámos.

João Rendeiro processa Carlos Tavares (CMVM) por comparação a Madoff

Os clientes do BPP dizem ter indícios que o banco de João Rendeiro utilizava um esquema piramidal para atrair capitais para os produtos financeiros, usando os dinheiro dos novos investidores para pagar...in DN
Obs: Rendeiro deveria concentrar as suas energias em liquidar os capitais que deve a centenas de clientes que confiaram no BPP e não armar-se em virgem ofendida dum "esquema" que, já todos perceberam, existia no banco de que era o responsável máximo.
Sugira-se ao sr. João rendeiro que tenha juízo e seja mais responsável para com os seus credores e a sociedade em geral. A CONFIANÇA deveria ser uma palavra que Rendeiro podia conhecer melhor.

Jogos de linguagem em Filosofia. Evocação de Bertrand Russel

Será que podemos de facto escolher os nossos amigos? Ou a configuração e textura das suas "pencas", o que é de somenos importância...

A questão, aparentemente, decorre dum mero jogo de linguagem, mas talvez vá além disso. E nesse "além" há um imenso depósito de informação, conhecimento e sabedoria que a filosofia analítica inaugurou no início do séc. XX, quer com a chegada de Wittgenstein a Cambridge em 1912 para estudar com Sir Bertrand Russell e, como acabou por acontecer, para o influenciar de forma significativa.

Depois sobrevieram as duas guerras mundiais, mas nesse entretanto - de 1919-39 - e devido à influência dos escritos de B. Russell e do Tratactus Logico-Philosophicus (1922) de Wittgenstein, a filosofia analítica acabou por dominar a filosofia britânica. E na década de trinta, época da subida ao poder do "nosso amigo" Adolfo, as ideias de Russell e Wittgenstein foram adoptadas e desenvolvidas de modo sistemático, e mais radical, pelos positivistas lógicos do círculo de Viena e por Reichenbach e o seu círculo em Berlim. Enfim, isto está escrito e documentado.

Mas aquela asserção inicial releva para o plano da argumentação por múltiplas razões que importa aqui sumariamente registar:

1. Podemos escolher os nossos amigos, mas não a família em que nascemos. Podemos escolher o local para onde vamos residir ou o modelo do carro que vamos comprar, mas não os nossos pais nem os nossos filhos. E nesta impossibilidade - temos de nos adaptar ao jogo biológico da vida que impõe os seus caprichos e as suas regras - que depois subscrevemos (ou não).

2. A segunda vantagem de enunciados daquela natureza é que permite construir níveis de argumentações que são o núcleo essencial da própria filosofia, pondo de parte as pretensões dogmáticas que não raro lhes andam associadas. Ora, importa à filosofia eliminar essas ervas daninhas que só mistificam os planos de argumentação e toldam a visão e o enunciado correcto dos problemas. Podemos escolher os amigos, mas já não podemos escolher ou decidir qualidades morais ou intelectuais e/ou físicas neles. Isso, já é demais... Deus, ou o que for, não nos concedeu poderes para tanto. Por vezes, nem sequer encontramos lugar onde arrumar o carro, quanto mais... Portanto, este exercício ajuda construir argumentos, distinguir premissas e estabelecer conclusões com coerência. No fundo, ajuda-nos a pensar com um método (da tal filosfia analítica), misto de filosofia, matemática, psicologia, epistemologia.
Podemos ter parte do que desejamos, mas nunca o todo.
3. Todavia, fica sempre a sensação de que persiste a impossibilidade de atingirmos uma interpretação final, decisiva, fechada. É aí que se abre caminho para a decepção e o relativismo que tantas vezes culmina no pessimismo socio-antropológico como condição para defeinir a própria condição humana, até numa linha hobesiana que leva ao pessimismo, por vezes a melhor forma de realismo.
4. Certamente que aquele enunciado terá menos relevância do que determinar o que é a Justiça, a Arte, e questões maiores ligadas à governação duma sociedade. Mas o objectivo é sempre o mesmo: a verdade. E por vezes nem amigos, nem amigos com nariz aquilino ou doutro formato - nos é dada a possibilidade de escolha. São o peso das circunstâncias que nos moldam, só muito excepcionalmente somos nós a moldar as circunstâncias. Obama, por exemplo, moldou e dobrou as circunstâncias, mas ele representa um caso verdadeiramente excepcional. Não se revelando, como muitos vaticinaram - uma simples tonelada de marketing e plástico debitando frases e slogans eficientes no plano comunicacional.
5. De modo que existe aqui, naquela simples asserção, uma relação entre a lógica, a psicologia e a epistemologia, relação essa promovida por Russel em matéria de significação como base do uso da linguagem de sentido, com regras e signos próprios, mas que têm um potencial de explicação enorme para tudo o resto. Em suma: a asserção inicial coloca o problema da relação entre as palavras (a teoria) e os factos, ou entre a linguagem e o mundo, e a solução que os filósofos arranjaram foi integrar várias ciências - como a matemática e a filosofia - como forma de resumir essa realidade aparecendo agora como realidades fundidas ou indossiciáveis do próprio conhecimento para melhor captar o mundo exterior - que se pode centrar no nariz do nosso amigo ou num problema de Justiça, Arte ou Governação bem mais complexo na gestão das sociedades contemporâneas em contexto de globalização competitiva e de economia e sociedade abertas.
Numa palavra: a preocupação com a filosofia analítica é, naturalmente, a verdade. Mas isso (também) não significa que algo continue a escapar-nos, algo fique de fora desse círculo do conhecimento que damos por adquirido.
E esse algo pode ser, precisamente, o nariz desse nosso amigo...